Antônio Marques revela traços da história cultural dos afro descendentes

Igreja de São Sebastião, na Pipa. Foto: reprodução Michel Aaron

Desde os primeiros anos do século XVI há registros da existência da Praia de Pipa na cartografia ibérica. No entanto o processo colonizador Português só foi implantado nessa região, quando o rei de Portugal, em 1681, criou a “Junta das Missões” órgão destinado a tratar de assuntos relacionados com os indígenas do Brasil. Na Capitania do Rio Grande do Norte, entre as principais missões de aldeamento, destaca-se a de “São João Batista de Guaraíras” que tinha um raio de abrangência de Arêsao litoral, incluindo terras hoje pertencentes ao município de Tibau do Sul, onde se situa a Praia de Pipa.

Com a implantação dos engenhos para a produção do açúcar, os primeiros afrodescendentes chegaram a essa região. Como consequência surge o sincretismo religioso que tem, em seu sentido mais amplo, a mistura etno-cultural, embora tudo se processava sob a égide do catolicismo luso-romano.

Conforme o depoimento de Maria Segunda Marinho, a antiga capela de Pipa era de taipa, edificada ao sul da casa de Isabel do Doutor e ao norte da casa de José Brilhante. “O padroeiro era São Sebastião e no nincho, além de São Sebastião, tinha Nossa Senhora da Conceição, Santo Antonio, a imagem do SenhorCrucificado. Nas paredes havia muitos quadros.

O lugar onde construíram a igreja nova era um coqueiral. Os tijolos foram comprados com o auxilio tirado de porta em porta A construção terminou em 1955, sendo inaugurada a igreja no dia 20 de Janeiro”...Era a data da festa de São Sebastião, no calendário católico.

“Ainda não se conhece bem a história cultural dos afrodescendentes. Nem tão pouco dos habitantes nativos, os indígenas. Mas, com certeza, na Praia de Pipa existe um Ponto de Memória”, escreveu o colecionador e marchand Antonio Marques de Carvalho Jr, curador do espaço Ponto de Memória durante o III Festival Literário da Pipa.

O acervo no pequeno espaço ao lado da Casa das Palavras é constituído por fragmentos da história e do cotidiano da Praia de Pipa. Será montado um painel tendo por tema o catolicismo popular, centrado em São Sebastião. Nas paredes laterais referências à cultura afro-brasileira “iemanjá” e a cultura indígena (objetos musicais). Moveis (mesa) e pequenos objetos de uso utilitário também integraram a mostra. Haverá uma ambientação especial do espaço destinado ao ponto de memória.