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Balanço no blog Diário do Tempo, de Sérgio Vilar


Flipipa – avaliação geral
Por Sérgio Vilar (Publicado no Diário do Tempo)

A Flipipa evoluiu. É inegável. E Dácio Galvão parece ter ouvido críticas dos anos anteriores. O frio exagerado no interior da tenda ou a intervenção inoportuna da plateia ao microfone não se viram mais. O espaço também ficou maior e em nenhuma das dez mesas houve tumulto na entrada.

Um telão praticamente acima do palco facilitou o acompanhamento das discussões para quem estava nas últimas fileiras. O redor da tenda também atraíu público para intervenções, sebos, bibliotecas, artesanato e música. Tudo em um mesmo quadrante – um ambiente muito agradável.

Difícil apontar a mais proveitosa mesa. Depende de interesses. Apostava mais na de Arrigucci, mas talvez a de Fernando Morais tenha sido a mais gostosa de assistir. Também gostei de Arnaldo Antunes, até porque esperava pouco dele.

Me surpreendi com a explanação de Telma Guedes, mesmo com a burocrática e alongada intervenção da psicanalista Márcia Veltrini. No último dia, me limitei a essa mesa em razão das entrevistas com outros convidados. Colhi depoimentos bacanas de Rubens Figueiredo e já ali vi a pouca intimidade do simpático escritor com o microfone. Tácito Costa me confirmou depois da palestra enfadonha.

Minhas ressalvas e dúvidas: o terreno onde foi montado o complexo do Flipipa foi cedido. E sabemos da dinamicidade da Pipa. É bem provável que o espaço esteja ocupado no próximo ano. E aí? Volta à apertada Praça do Pescador?

O telão apresentou falhas constantes. Na palestra de Fernando Morais passou bons minutos fora do ar. E apesar de facilitar a visão, penso que o palco das discussões poderia ser mais alto.

No mais, minha ressalva é conceitual. Li agora que Tácito se surpreendeu com a presença maciça nas mesas dos poetas, no último dia. Mas quem era o público presente? Muitos poetas natalenses. Dava para encher um balaio. Ou seja: a poesia gira em torno do mesmo eixo, sem se expandir.

Penso, então, qual seria a razão de um festival literário. E do papel da curadoria, sempre dificílimo. Por outro lado, volto ao tema: tinha muita criança espalhada por lá, seja no espaço de leitura, ou correndo entre os livros, nas palestras, junto aos pais. Então, penso que o Flipipa cumpre seu papel de educar, discutir e atrair turistas.

Salvo engano li algo no blog de Tácito sobre a recusa de alguns palestrantes a dar entrevista. Concordo. Essa galera recebe uma boa grana para propagar seu trabalho, fica hospedado em bons hoteis, comendo do melhor (muitos ressaltaram o melhor tratamento que já tiveram, inclusive Fernando Morais!) para se recusar a dar entrevista?

Penso que para os próximos anos essa questão seja melhor organizada. Arnaldo Antunes rejeitou total. Procurei a produção na porta do camarim. Uma senhora saiu e se dirigiu a um rapaz ao meu lado, paraibano. Ele queria entregar um livreto de poemas inspirados na obra do ex-Titã. A moça disse, nessas palavras: “Ele não recebe nada além do livro dele, para autógrafo. Você entrega, não fala nada, ele autografa e lhe devolve”. Grosseria pouca é bobabem…

A Telma Guedes – muito simpática – conversava com uma senhora fora da tenda. Esperei e depois perguntei se poderia fazer “duas perguntinhas”, no sentido de que seria rápida minha abordagem. A assesssora pulou na minha frente e disse que as entrevistas teriam de ser pré-agendadas com a assessoria do evento. Nada disso me foi informado. Insisti e ela disse que se a Telma quisesse falar, tudo bem. Falou. Após minhas duas primeiras perguntas, fiz uma terceira e a assessora interrompeu: “Você disse que seriam só duas perguntas”, disse ela.

Sei que meu material colhido ficou prejudicado. Tanto para o DN quanto para a Palumbo – revista a qual o próprio Dácio Galvão é sócio. Então, próximo ano seria o caso de informar dessa necessidade de pré-agendamento de entrevistas ou impor aos convidados um tempo regular para tal.

Para facilitar o trabalho dos jornalistas e da própria organização, penso que disponibilizar fotos em alta resolução no site do evento seria de bom proveito.

No mais, a companhia de bons amigos e da boa cerveja amenizaram a correria do trampo. Ver Tácito Costa beber cerveja dois dias seguidos e amanhecer de ressaca, é fato mais raro do que a criancinha de uns 7 anos que vi lendo um jornal impresso na tenda. Os dois fatos, pra mim, pagaram a estadia de três dias em Pipa.

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Mais repercussão: Flipipa Equilibrado e a Noite dos Poetas, na Tribuna do Norte

Eucanaã Ferraz, uma das atrações de sucesso no terceiro dia do Flipipa

Yuno Silva - repórter
e Cinthia Lopes - Editora (Publicado no jornal Tribuna do Norte)

O aproveitamento acima da média é um bom resultado para qualquer evento que está encontrando seu formato ideal, e a terceira edição do Festival Literário da Pipa foi marcada por participações primorosas, debates interessantes e alguns tropeços incalculados. Quem acompanhou atentamente os três dias pôde perceber os altos e baixos nas dez mesas organizadas pela curadoria. Mas, antes de mais nada, uma coisa é certa: o novo local onde foi montada a Tenda dos Autores, palco principal do evento, conferiu unicidade e maior integração entre as diversas atividades promovidas pelo Flipipa - e, conhecendo a dinâmica imobiliária daquele trecho do litoral potiguar, é prudente garantir desde já um lugar para o Festival em 2012. Merece atenção a necessidade de se disponibilizar acesso à internet para que o evento se multiplique.
Rogério VitalSousa Tavares e Woden Madruga na melhor mesa do primeiro diaSousa Tavares e Woden Madruga na melhor mesa do primeiro dia

PRIMEIRO DIA

Rogério VitalHumberto Hermenegildo, Paulo de Tarso Correia de Melo e Paulo Bezerra BaláHumberto Hermenegildo, Paulo de Tarso Correia de Melo e Paulo Bezerra Balá
Na quinta-feira (17), o debate em torno da obra do sertanista Oswaldo Lamartine de Faria abriu a programação do Flipipa 2011 de forma morna. A conversa entre Paulo Bezerra Balá, Humberto Hermenegildo e Paulo de Tarso não rendeu o esperado, e as participações praticamente ficaram limitadas a leitura de textos previamente escritos para a ocasião. Por mais interessante que o assunto seja, não há como prender a atenção de uma plateia ainda rarefeita que começava a chegar na praia da Pipa. Autoridades no assunto, o trio não conseguiu deslanchar um bate-papo instigante sobre a vasta temática que abrange a literatura oswaldiana.

Rogério VitalArnaldo Antunes e Jarbas MartinsArnaldo Antunes e Jarbas Martins
Se a abertura foi morna, a segunda mesa foi quente. O escritor e jornalista português Miguel Sousa Tavares incendiou o público ao especular sobre paranóias que orbitam entre teorias conspiratórias e a opressão imposta pelas convenções "politicamente corretas". Mediado na medida certa pelo jornalista Woden Madruga, o debate levantou questões polêmicas como a falta de propósitos do novo acordo ortográfico e os prejuízos gerados pelo uso das redes sociais.

A poesia visual de Arnaldo Antunes fechou a primeira noite. Com uma agenda apertada, Antunes passou 12h em solo potiguar, e só aterrissou pra valer do meio para o final da conversa com o poeta e professor Jarbas Martins. Cantou, declamou e arrebatou o grande público. Mas o debate acabou ficou na média, muito em decorrência da exagerada empolgação de Martins.

SEGUNDO DIA

Rogério VitalMarcos Silva, Edna Rangel e Diógenes da Cunha LimaMarcos Silva, Edna Rangel e Diógenes da Cunha Lima
Funcionando como um relógio, o Flipipa respeitou todos os horários estabelecidos na programação e abriu a segunda noite sobre a troca de correspondências entre Câmara Cascudo e Mário de Andrade. O historiador e professor Marcos Silva mostrou que está afiado no assunto, e sombreou a participação de Edna Rangel e Diógenes da Cunha Lima.

Já o teórico Davi Arrigucci Jr, que prosseguiu com o tema Modernismo na conferência que ilustrou a segunda mesa, apresentou as várias conexões entre Manuel Bandeira e Movimento que eclodiu em 1922.

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Rogério VitalDavi Arrigucci JrDavi Arrigucci Jr
Bandeira se desgarra da poesia parnasiana antes dos modernistas, e se manifesta de forma contundente contra o cenário que até então estava estabelecido", explicou. "Ele enxerga que há poesia em tudo: no amor, no chinelo, na lógica ou nos disparates, nas zonas mais baixas e nas mais elevadas", garantiu, afirmando que Manuel Bandeira tinha uma personalidade "áspera e intragável. Ele era um individualista ferrenho que praticava uma poesia coletiva", simplifica Arrigucci.

O biógrafo Fernando Morais foi a grande atração da noite. Simpático e bem humorado, socialista de carteirinha, Morais fumou cinco charutos e falou sobre seu recente livro "Os últimos soldados da Guerra Fria", história colhida ao ouvir o noticiário dentro de um táxi em São Paulo que dava conta da prisão de espiões cubanos nos EUA em plena década de noventa, e arrancou risadas da numerosa plateia ao contar passagens divertidas de suas muitas histórias.

Rogério VitalFernando MoraisFernando Morais
Sobre a biografia de Paulo Coelho, disse que passou o primeiro exemplar para ele e que não obteve mais retorno. "Tempos depois reencontrei o Paulo e perguntei se tinha dito algo errado ou muito grave no livro que teria deixado ele chateado e tal. Aí virou e disse que estava tudo bem, mas que ainda estava digerindo histórias que nem mesmo ele se lembrava", brincou. "Por isso só pretendo escrever novas biografias de quem já morreu", garantiu, adiantando que pretende voltar ao Flipipa no próximo ano.

TERCEIRO DIA

Rogério VitalThelma GuedesThelma Guedes
A escritora e roteirista Thelma Guedes, co-autora da novela Cordel Encantado (TV Globo) abriu a programação da última rodada de debates. Abordando a ligação entre a telenovela e a literatura, Thelma pelejou para tornar sua participação mais interessante: comentou sobre seu método de criação, sobre a descoberta e a relação do personagem principal com o cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante, o método de pesquisa e a liberdade de criar. Apesar do esforço, esbarrou na falta de entrosamento com os interlocutores.

Rogério VitalRubens FigueiredoRubens Figueiredo
Já no derradeiro debate entre o romancista Rubens Figueiredo e o escritor potiguar Carlos Fialho, os papéis se inverteram: Fialho bem que tentou arrancar uma centelha de empolgação de Figueiredo. Fez perguntas capciosas que o autor do premiado "Passageiro do fim do dia" poderia ter aproveitado para fazer um 'gol de placa' - no entanto, sua timidez impediu qualquer reação diante do público que acabou partindo em debandada. No fim do debate, apenas um terço dos lugares estavam ocupados.

UMA NOITE DE SENSAÇÕES POÉTICAS

Cinthia Lopes - editora

Se dizem por aí que não há mais tempo para a poesia, no Flipipa ela ganhou uma sobrevida e tanto. Confesso que achara arriscado fazer duas mesas só de poetas, na noite mais concorrida do Festival (o sábado). E levar ao palco gente que vive de versejar poderia causar um estranhamento àqueles não familiarizados com o verso. Não foi o que aconteceu. Ao contrário, o público participou de um quase transe coletivo poético sobre o cotidiano das coisas, a abelha, o boi, a pedra, a bicicleta, o amor, a vida, a morte. Carlito Azevedo e Eucanaã Ferraz "açambarcaram" - com a licença da roteirista Thelma Guedes, que usou essa palavra duas ou três vezes e não me sai da cabeça - toda a platéia num exercício de vivenciar poesia.

Rogério VitalCarlito AzevedoCarlito Azevedo
Carlito Azevedo chegou tímido e foi crescendo em emoção e verso. A mediadora Ana de Santana conduziu com habilidade e deu o "mote" para que Carlito Azevedo entrasse na sua praia, a poesia oralizada:  "a leitura oral muda o sentido do poema escrito?" Foi a pergunta de Ana.

Carlito gosta do som do verso e se diz influenciado pela oralidade do cordel; "a poesia falada tem a capacidade de causar alguma coisa. Espanto, emoção, de nos tirar de um tempo". Escolheu por isso iniciar com a leitura de um poema da sua antologia Sublunar, "Sobre uma fotonovela de Felipe Nepomuceno". Lido em silêncio é um poema pequeno. Mas ouvido, chega-nos como uma peleja repetida várias vezes em velocidade de um fôlego só: "O carro avariado junto à moita de espinheiros/logo após a derrapagem, eis a circunstância. / Mas - é claro -  havia um amor fazendo tudo doer. E, no banco de trás, a nuvem de conhaque e marijuana de onde emergiam,/iluminados, sépia, os rostos de K. e da jovem índia...". Para esta redatora, foi como se um carro passasse veloz e  jogasse ao vento a mesma frase, "havia um amor fazendo tudo doer..." Seria esse o tal modo de sentir que deu título à mesa literária?

O poeta carioca impôs ao tempo  um ritmo diferente, como ele mesmo disse que a poesia falada provocaria - um tempo próprio de se ouvir poesia. Carlito lia poemas enquanto costurava histórias de vida, a sua própria e do resto do mundo. Falou do ser humano imperfeito, mas ingênuo e capaz de atribuir sentido às coisas. "Percebemos isso ao assistir Inteligência Artificial" (filme de Spielberg). Lembrou Octavio Paz (poeta mexicano) e declarou que é na adolescência o momento certo para se ler poesia. Leu um poema da polonesa Wislawa Szymborska, que voltaria na mesa de Eucanaã Ferraz. Recordou seus abismos adolescentes e a dor da perda da mãe. E finalizou: "Não existem ideias claras. Quando dizemos isso é por que estamos no mesmo nível de loucura do outro". 

Rogério VitalEucanaã Ferraz e João Batista de Morais NetoEucanaã Ferraz e João Batista de Morais Neto
Ao fim da mesa de Carlito, em vez do esvaziamento da tenda, mais gente chegou para ver Eucanaã Ferraz, imagino que pela fama em torno das antologias de Caetano Veloso e Vinícius de Morais. O fato é que a tenda encheu-se de poetas, fãs em geral, crianças, um público diversificado se acomodou para acompanhar o debate que contou com a mediação de João Batista de Morais Neto. A fina estampa de Eucanaã Ferraz, elegante também com as palavras,  dominou o palco. Ele escolheu para ler um poema forte de seu livro Cinemateca sobre "o abate de um boi".

Sua obsessão pelas minucias cotidianas (percebe-se que são elas os verdadeiros detonadores poéticos)  alimentou o motor que  divertiu a plateia. Contou sobre um diálogo insólito na praia da Pipa com um surfista filósofo e narrou uma história sobre a abelha suicida "que conheceu" enquanto  caminhava na mesma faixa de praia. João Batista fez intervenções pontuais, colocando  Eucanaã de volta à rotação  da mesa.

No final, não parou mais de falar sobre Szymborska, por quem se declarou apaixonado, e leu um belo poema dela "Conversa com uma pedra" ('Bato à porta da pedra./- Sou eu, deixa-me entrar./Quero penetrar no teu interior, olhar ao redor,/prender-te como a respiração./- Sai - diz a pedra./Sou hermeticamente fechada./Mesmo quebradas em pedaços vamos ficar hermeticamente fechadas/Mesmo trituradas em grãos/não vamos deixar ninguém entrar...').

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Mais Flipipa: Geral sobre o Festival no Substantivo Plural

Crianças da rede pública conhecem a biblioteca móvel do Sesc

Tácito Costa
(Publicado no Substantivo Plural www.substantivoplural.com.br)

Alguém tem de trabalhar neste domingo aqui em Pipa, ainda bem que as piores previsões não se confirmaram, quer dizer, somente em parte, o jornalista Rafael Duarte, com quem reparti um quarto na pousada, não ronca na intensidade e altura com que vários colegas me aterrorizaram, levando-me a tomar uns três copos de cerveja pra apagar profundamente tão logo caísse na cama.

Enfrentar quatro mesas redondas, praticamente sem intervalo, entre 18h30 e 22h30, como ocorreu ontem na última noite do Flipipa não é brincadeira, mas fui até quase o fim, saí uns dez minutos antes do enceramento da última mesa da noite, menos por cansaço e mais porque achei insossa a conversa dos escritores Rubens Figueiredo e Carlos Fialho.

Fiquei desapontado porque foi a única mesa que tratou especificamente de romance e a qual eu depositava uma boa expectativa. Reparem, não é que tenha sido ruim, longe de mim desqualificar o trabalho dos dois escritores, talvez eu é que tenha criado uma expectativa exagerada ou não tenham sido abordadas questões que poderiam me fazer ter uma outra opinião.

Incomodaram-me o tom baixo, lento e sem entusiasmo da voz de Figueiredo, a postura pouco provocativa do mediador. Pareceu-me também que platéia estava cansada. Fiquei com a impressão de que aquela é a postura normal de Figueiredo, que foi bastante solícito e respondeu a todas as questões levantadas por Fialho. Esta foi também a mesa que deu menos público. As três anteriores lotaram, o que me surpreendeu, principalmente porque a segunda e a terceira eram sobre poesia, respectivamente, com Carlito Azevedo e Ana de Santana, e Eucanaã Ferraz e João Batista de Morais. Estas duas contaram praticamente com o mesmo público da primeira, sobre a novela da Globo Cordel do Fogo Encantado (Cordel encantado: telenovela e literatura), com Thelma Guedes e Márcia C. Veltrini, mediada por Heverton Freitas, assunto de forte apelo popular.

POESIA EM ALTA

Fiquei surpreendido porque muita gente tem dado notícias de que poesia está em baixa, não tem leitores e nem interessa a mais ninguém etc e o que vi foi uma platéia atenta e vibrante nas duas palestras, o que me deixou muito animado.

Confesso que assisti a primeira mesa, sobre a telenovela da Globo, por obrigação do ofício, o assunto não me interessava nem um pouco. A escritora Thelma Guedes fez uma boa explanação. Achei, contudo, que a psicanalista Márcia Veltrini não acrescentou muita coisa e o mediador, jornalista Heverton de Freitas poderia ter aprofundado questões acerca das relações entre as telenovelas e a literatura.

Na minha não isenta opinião as duas melhores mesas do último dia foram as dos poetas. Muito boas mesmo, tanto Carlito quanto Eucanaã deram show, recitaram poemas, falaram de outros poetas importantes, deram dicas de links interessantes e falaram com propriedade sobre questões pertinentes à poesia.

AVALIAÇÃO FINAL

Acho que o Flipipa deste ano evoluiu bastante em relação aos dois anteriores. Está num local mais amplo e apropriado, as mesas, com algumas exceções, foram muito boas (comentei isso em posts anteriores), as que desandaram um pouco se deve muito mais aos participantes, os “loucos de palestra” – e eu vi vários rondando por lá, ansiosos – foram contidos porque se estabeleceu que perguntas só por escrito, o entorno do evento, com o Sebo Vermelho, a Cooperativa e a BiblioSesc tiveram um papel importante, um público infantil bastante expressivo participou das atividades desta biblioteca móvel.

Não comento a programação paralela, oficinas, exibição de filmes, caminhada literária etc porque não me interessei em acompanhar, para fazer isso teria de dedicar o dia inteiro ao trabalho e penso que aí já seria exigir demais deste cada dia mais abusado editor, mas os jornais devem trazer notícias sobre isso, quem se interessar é só consultar Diário de Natal, Tribuna do Norte e Novo Jornal, que estavam com bons repórteres aqui.

Ganhei o livro autografado da contista Luisa Geisler (Contos de Mentira), obra vencedora do Prêmio Sesc de Literatura 2010, que pretendo depois da leitura comentar neste blog.

Que mais?

Sim, vi a instalação “Caranguejos, cuidado!’ (foto) e a intervenção em memória da obra de Hélio Galvão sobre suas crônicas “Cartas da Praia”, da fotógrafa Candinha Bezerra.

Acho que deu muito certo a apresentação musical ontem no final da tarde, é uma boa maneira de atrair o pessoal mais cedo para o Festival, falo isso porque eu mesmo me preocupei em chegar às 17h30 no local para assistir ao show. A experiência pode ser estendida nos próximos Flipipas. Não precisa ser artista de fora, famoso, nada disso, acho que com pouco dinheiro, bem pouco mesmo, se realiza um bom show, que agrega e não atrapalha em nada a programação literária.

A outra observação é com relação ao número de mesas. Acho que o ideal é mesmo três por noite, com um espaço maior entre uma mesa e outra para o cara tomar uma água ou ir ao banheiro etc. Além disso, fica cansativo e pouco produtivo.

Penso que já passou da hora de o evento ser transmitido online, isso aumentaria em muito o seu alcance, democratizando-o ainda mais e tenho absoluta certeza de que ninguém deixará de estar em Pipa pra assistir pela internet.

É isso, gostei muito, com poucas ressalvas, e no próximo ano estarei de volta.

Se esqueci de mencionar algo importante, o que não é difícil de ocorrer, depois eu falo em post ou comentário.

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Balanço do Flipipa na imprensa: Marcos Silva no Substantivo Plural

Gente trabalhando durante o Flipipa 

Flipipa off (ou offlipipa)

Por Marcos Silva

Participei de uma mesa redonda no FLIPIPA, assisti a outras atividades do festival (minha pergunta sobre literatura de cordel hoje – mais intensa no sudeste, presente na internet – não foi apresentada à autora de “Cordel encantado”, sem problemas, respeito regras), circulei por livrarias e congêneres. Tive boa impressão geral. Senti um pequeno problema: os funcionários do hotel onde fiquei hospedado (Ponta do Madeiro, lugar muito bonito) tinham curiosidade pelo FLIPIPA, faziam perguntas aos escritores que ali estavam mas não podiam ir assistir aos eventos. Uma funcionária me perguntou o que significava epistolografia, foi muito bom conversar com ela sobre isso. Suponho que os funcionários de livrarias e bares e os policiais possam ter tido curiosidades semelhantes. Seria legal se houvesse um FLIPIPA after-hours, dirigido para esse pessoal. Seria excelente que Davi Arrigucci Jr. declamasse poemas de Manuel Bandeira e os comentasse para os humildes funcionários de hotel. Seria fantástico que Fernando Morais lhes falasse sobre os trabalhadores dos hotéis em Cuba. Seria magnífico ouvir Eucanaã e Arnaldo, dentre outros, declamando para os policiais e os lixeiros.

Fica a sugestão.

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Mais Flipipa em imagens: Eucanaã Ferraz, Carlito Azevedo, Caminhada Literária e outras atrações



Em uma das palestras mais inspiradas da noite, os poetas Eucanaã Ferraz e João Batista de Morais Neto empolgaram a plateia doFlipipa


Eucanaã Ferraz ainda leu poemas seu livro "Cinemateca", falou sobre sua verdadeira paixão pela poetisa polonesa Wislawa Szymborska, e arrancou gargalhada do público ao contar sobre um diálogo insólito na praia da Pipa com um surfista filósofo e uma abelha suicida. Foto: Rogério Vital.









Número um na preferência do público que acompanhou o terceiro dia do Flipipa, o poeta Carlito Azevedo, com uma ótima mediação de Ana de Santanna, leu seus poemas e de outros autores e falou sobre sua paixão pela oralidade da poesia: "a poesia  falada tem a capacidade de causar espanto, emoção, de nos tirar de um tempo cotidiano. Ler poesia é impor ao tempo um tempo diferente, disse, ao terminar de ler  o belo e sonoro 'Sobre uma fotonovela de Felipe Nepomuceno" (Sublunar).


Enquanto isso, na ong Educapipa, público acompanhava as sessões de cinema e literatura, durante os três dias. Foto: Rogério Vital

Camila Masiso e Diogo Guanabara na "varanda" da Casa das Palavras, atrairam uma numerosa platéia no fim de tarde do último dia do Flipipa.



Caminhada literária atraiu ainda mais gente da cidade e turistas.


Caminhada já é tradição durante o festival e reúne de crianças a idosos


A organizadora Fernanda Bauermann, na chegada ao Spa da Alma

A contista Luisa Geisler (Contos de Mentira), vencedora do Prêmio Sesc de Literatura 2010/2011, autografou seu livro premiado




Thelma Guedes, autora de Cordel  Encantado, atraiu grande público para falar sobre literatura e telenovela. Ela falou sobre a concepção da novela, as referências nordestinas e medievais, e discorreu também sobre a profissão de roteirista para tv.


Rubens Figueiredo falou sobre literatura russa e inglesa, seus primeiros romances satíricos e seu trabalho como tradutor. O premiado escritor de Passageiro do Fim do Dia até reencontrou uma colega de faculdade de Letras na plateia. "Éramos muitos os loucos que resolveram estudar russo", brincou ele.

Carlos Fialho conduziu as perguntas para o romancista e tradutor Rubens Figueiredo, encerrando uma das melhores noites do Flipipa. Foto: Rogério Vital

Tenda do artesanato da Sethas foi visitada por muita gente.

Ainda no Flipipa, Fernando Morais recebeu o casal Miguel Sousa Tavares e sua esposa, a deputada Teresa Careio. Foto: Rogério Vital


Movimentação entre as tendas durante a terceira noite do Flipipa

Thelma Guedes

Thelma Guedes e a psicóloga Márcia Veltrini

Garotada visitou a BiblioSesc também à noite





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Mais imagens do Festival Literário da Pipa

Mesa literária sobre o sertanissta Oswaldo Lamartine contou com as falas de Humberto Hermenegildo,, Paulo de Tarso Correia de Melo e Paulo Bezerra Balá
Público prestigiou bastante a tenda da Cooperativa Cultural da UFRN
Árvore da leitura e área de convivência do Flipipa

O escritor e jornalista Fernando Morais chegou na quinta-feira e acompanhou o Flipipa, visitou estandes e conversou com jornalistas e público
Em mesa descontraída com Miguel Sousa Tavares e Woden Madruga, o assunto discorreu pelo jornalismo futebol, internet, acordo ortográfico da lingua portuguesa e sobre o romance Equador, recém lançado pelo autor português e que virou minissérie no Brasil

Sousa Tavares:"Até hoje não encontrei ninguém que tivesse sido consultado sobre o acordo ortográfico"
"No Brasil, em cada esquina encontramos histórias. Em Portugal não temos isso", disse Miguel Tavares. Foto: Rogério Vital
Livraria do Sebo Vermelho também presente no Flipipa, com Abmael Silva, Jarbas Martins e Falves Silva. Foto: Rogério Vital
Público lota tenda no primeiro dia para a mesa literária de Arnaldo Antunes

Crianças aproveitam o ar condicionado da Bibliosesc para um momento de leitura
Simpático, Arnaldo falou sobre sua escrita e sobre os concretistas. Foto Rogério Vital

Arnaldo Antunes recitou e cantou durante sua participação na mesa literária do primeiro dia. Foto Rogério Vital

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Festival Literário da Pipa em imagens. Confira!

Marcos Silva, Edna Rangel e Diógenes da Cunha Lima falaram sobre o diálogo dos mestres Câmara Cascudo e Mário de Andrade. Foto: Rogério Vital

Público lotou a tenda durante a fala sobre Cascudo e Mário de Andrade


Marcos Silva: "A epistolografia de Cascudo e Mário de Andrade é uma obra em construção".

O curador do Flipipa, Dácio Galvão, abriu a conferência de Davi Arrigucci
Davi Arrigucci falou sobre Manuel Bandeira. Foto: Rogério Vital

De charuto na mão em todo o tempo que durou a palestra, além do bom humor, Fernando Morais falou sobre Cuba, jornalismo, revista Veja,  Olga, biografias e  seu processo de criação. A conversa extrapolou o horário previsto e foi até 23h. Foto Rogério Vital

O jornalista Cassiano Arruda fez o papel de entrevistador de Fernando Morais, em temas como jornalismo literário e política
A tenda de 500 lugares ficou lotada durante a mesa sobre jornalismo e reportagem, com Fernando Morais e Cassiano Arruda
Espaço de leitura livre do Sesc sempre lotado de crianças e adolescentes. Foto: Candinha Bezerra
Movimento intenso na sessão de autógrafos de Fernando Morais

Tácito Costa, Dácio Galvão e Davi Arrigucci conversam na área externa da tenda literária.Foto Candinha Bezerra

Instalação Cartas da Praia, na Casa das Palavras. Foto: Candinha Bezerra
Estudantes se divertem na área da árvore do livro. Foto: Rogério Vital

População confere acervo da BiblioSesc, lançada no Flipipa e que vai percorrer bairros da Grande Natal a partir da próxima semana

Escritores, parceiros e realizadores do flipipa visitam a Bibliosesc, caminhão biblioteca estacionado na Pipa. Foto: Rogério Vital
Dácio Galvão, Laumir Barreto e convidados conhecem o acervo da Bibliosesc RN
Interior do projeto Ponto de Memória, sobre a religiosidade e tradições do povo de Tibau do Sul, idealizado pelo marchand Antonio Marques

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