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Pipinha Literária terá Mostra itinerante Festival Internacional Nueva Mirada para crianças e adolescentes


Gnomos & trolls: Filme sueco estará no festival itinerante CineSesc
Pipinha Literária - Tenda Sesc

Todos os dias
8h às 19h
Contação de Histórias, Vivências Literárias, Brinquedos e Brincadeiras Populares e Oficinas de Reciclagem/Origami/Arte em Vinil.

Bibliosesc - Biblioteca móvel, com o objetivo de formar leitores e encurtar a distância entre o leitor e o livro, disponibilizando acervo com mais de 3 mil livros durante todo o festival.
Horário de funcionamento: todos os dias das 8h30 às 21h

Rádio Difusora do Flipipa
Serviço de comunicação externa com informativo sobre a programação, leitura de textos, utilidade pública, música, entrevistas, etc.

Horário: 8h as 19h
Assalto Poético: com Joanisa Prates e Paula Medeiros

Bicicleta poética: Pelas ruas de Pipa serão espalhados textos literários, em formato de buquês de papel, cata-vento e flores.

Cinesesc- Exibição de longas e curtas que compõem o acervo do Cine Sesc RN durante todos os dias do festival
Mostra itinerante Festival Internacional Nueva Mirada.
Horário:19h
O Festival é realizado pela Nueva Mirada, uma entidade privada (Argentina) sem fins lucrativos especializada em cultura, indústrias culturais e de comunicação dedicados a responder às necessidades de formação e desenvolvimento educacional e cultural de crianças e jovens.

Entre os objetivos do Festival é divulgação internacional e intercâmbio de obras audiovisuais, que conta para a diversidade cultural, a fim de contribuir para a educação de crianças e jovens.

06/08 – quinta-feira

08h30    Gnomos & trolls – a câmara secreta (Suécia) de Robert Rhodin; de 04 a 10 anos
10h    Curtas de animação: de 04 a 10 anos
13h30  Curtas de animação a partir de 11 anos
15h    Max envergonhado (Dinamarca) de Lotte Svendsen
a partir de 11 anos
18H30 Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
20H Curtas de animação; de 04 a 10 anos

  07/08 – sexta-feira
08h30 Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
10h Curtas de animação; de 04 a 10 anos
13h30  Toni, o garimpeiro (Alemanha) de Norbert Lechner
A partir de 11 anos
15h    O rei Siri (Sri Lanka) de Somaratne Dissanayake
A partir de 11 anos
18H30  Curtas de animação
de 04 a 10 anos
20H Gnomos & trolls – a câmara secreta (Suécia) de Robert Rhodin; de 04 a 10 anos

08/08 – sábado

08h30    Curtas de animação; de 04 a 10 anos
10h Curtas de animação; de 04 a 10 anos
13h30 Os crocodilos (Alemanha) de Cristian Ditter
A partir de 11 anos
15h Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
18H30 Curtas de animação; de 04 a 10 anos
20H O rei Siri (Sri Lanka) de Somaratne Dissanayake
A partir de 11 anos

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Veja programação completa do VI Festival Literário da Pipa


VI FESTIVAL LITERÁRIO DA PIPA

 Dia 05/08 (pré-abertura FLIPIPA 2015)
Espaço de eventos Pipa Open Air
Assembleia Cultural Itinerante: Especial Flipipa
A programação é uma versão itinerante da Assembleia Cultural em parceria com o Flipipa.

18h - Apresentação da Orquestra Flauta Doce de Tibau do Sul

18h30 – Coco de Zambê do Mestre Geraldo e Dona Lídia e Pastoril de Cabeceiras



Carlos Zens se apresenta na quarta-feira, na pré abertura do festival

19h – Show “Do Mar ao Sertão”, de Carlos Zens
Espetáculo poético-sonoro, onde o artista insere citações poéticas de Câmara Cascudo, Mário de Andrade, Osvaldo Lamartine, Raquel de Queiroz, Patativa do Assaré, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Renato Caldas, Euclides da Cunha e músicas de própria autoria e de outros compositores como Lenine, Jorge Mautner, Chico Antônio, Carlos Zens e Dácio Galvão.

E mais: Espaço Gastronômico Pipa Open Air (Caxangá), BiblioSesc – Biblioteca itinerante; espaço literário e estandes de livrarias e sebos.
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DIA 06/08
Tema do dia: “Poemas da Tarde” – Hélio Galvão
Estação de contos, com Nara Kelly 


08h - Recital com Maria Flor;

8h30 - Sessão de Contos com Nara Kelly;

9h30 - Contação de Histórias com Camille Carvalho, Paula Queiroz e Rafael Telles;

10h30 Ação Sesc de Incentivo à Leitura com os autores: César Ferrario (RN) e Patrícia Barbosa (RJ)

11h30 intervalo

13h30  Contação de Histórias com Camille Carvalho, Paula Queiroz e Rafael Telles;

Ator, diretor e autor César Ferrario falar sobre literatura e dramaturgia


14h30 Ação Sesc de Incentivo à Leitura com: César Ferrario (RN) e Patrícia Barbosa (RJ)

15h30 Dona Lídia e o Pastoril de Cabeceiras

18h – Intervenção teatral grupo Alegria, Alegria

17h às 18h30 - Espaço Jovens Escribas: Bate-papo com Geórgia Hackradt, Alessandra Macêdo e Themis Lima.

18h30  - Autógrafos no livro “Filho por amor: a história de Guido” de Geórgia Hackradt, Alessandra Macêdo

TENDA DOS AUTORES

Antônio Cícero

Jards Macalé

19h – Mesa literária 1: "Das Falanges de Máscaras a Real Grandeza"
Com o compositor, violonista, cantor e poeta Jards Macalé e o poeta, compositor e ensaísta Antônio Cícero

Algumas das mais icônicas letras da Música Popular Brasileira saíram da cabeça de Jards Anet da Silva, conhecido como Jards Macalé, 72 anos. Compositor, cantor, violonista, arranjador e ator, Macalé foi um dos atores mais presentes do movimento de contracultura brasileira da segunda metade do século 20 e até hoje, continua a produzir e influenciar a música brasileira. Compôs, sozinho ou com parceiros como Wally Salomão, o maior deles, e também Jorge Mautner, Torquato Neto, Xico Chaves e Capinam entre outros, algumas das mais importantes músicas já gravadas, como “Vapor Barato”, “Mal Secreto”, “Anjo Exterminado”, “Gothan City”, “Hotel de Estrelas”, “Revendo amigos”, “Movimento dos Barcos”. Pela primeira vez no Flipipa, Jards Macalé falará sobre essa parceria na mesa "Das Falanges de Máscaras a Real Grandeza", tendo como parceiro de debate o escritor, ensaísta e compositor Antônio Cícero. O encontro com Cícero não é por acaso. Assim como Macalé, Cícero teve uma grande aliança intelectual com Wally Salomão. Em 1994, organizou, em parceria com o poeta, o livro 'O relativismo enquanto visão do mundo', que reunia as conferências realizadas pelo projeto Banco Nacional de Ideias, além de ter estudos dedicado à poesia de Salomão.

Eduardo Jardim

Vicente Serejo


20h – Mesa literária 2: “Macunaíma e Chico Antônio na biografia de Mário de Andrade”
Com o escritor e filósofo Eduardo Jardim, biógrafo de Mário de Andrade; e o jornalista e cronista Vicente Serejo

Verdadeiro heroi intelectual do Brasil, o autor de ‘Macunaíma’ e ‘Amar, verbo intransitivo’ deixou obras seminais que ajudaram a moldar a cultura brasileira e continuam a iluminar o Brasil neste século 21. Entre as centenas de veredas de sua produção intelectual está o livro “O Turista Aprendiz” (1928), obra que o conecta intimamente com o Rio Grande do Norte. Mário de Andrade era amigo do etnógrafo e intelectual Luís da Câmara Cascudo, com o qual mantinha correspondência regular, e também próximo do crítico Antônio Bento.A convite de Cascudo, Mário visitou duas vezes o RN e, em uma delas, permaneceu 40 dias entre andanças por engenhos e  sertões do Seridó e do Oeste coletando documentos musicais e populares. Foi nessa viagem que conheceu o coquista Chico Antônio. A vida e a liberdade criadora do cantador encantam e inspiram o intelectual paulistano. As coincidências que envolvem o mítico herói sem caráter Macunaíma e o coquista potiguar será um dos temas abordados no FLIPIPA 2015. Para isso, foi convocado o escritor e filósofo Eduardo Jardim, estudioso de Mário de Andrade e autor da biografia “Eu sou Trezentos —Mário de Andrade, vida e obra” (Edições de Janeiro, 256 páginas).  Jardim foi quem abriu a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty desde ano, falando sobre vida e obra de Mário de Andrade.


Paulo Betti é ator e diretor de cinema, televisão e teatro


21h00 - Mesa literária: "Dramaturgia e literatura: "De Antônio Conselheiro a Lamarca"
Com o ator Paulo Betti e o jornalista e escritor Cassiano Arruda Câmara


22h – Banda Choro do Elefante


07/08- SEXTA-FEIRA

Tema do dia: Derradeiras “Cartas da Praia”
8h   Contação de Histórias com Paula Medeiros

9h  Cia Cênica Ventura: “As Histórias de Dona Chica”

Gelson Bini

Marcel Matias

10h Ação Sesc de Incentivo à Leitura: Marcel Matias (RN): “Um estudo sobre Mário de Andrade”
Gelson Bini (SC)-  Guia de leitura para mediadores

11h30 Intervalo

13h30 Cia Ventura: “As Histórias de Dona Chica”

14h30 Ação Sesc de Incentivo à Leitura: Marcel Matias (RN)– Um estudo sobre Mário de Andrade
e Gelson Bini (SC)-  Guia de leitura para mediadores

17h às 18h30 - Espaço Jovens Espaço Jovens Escribas: Bate-papo com Marcelo de Cristo e Luiz Renato.

18h30 - Autógrafos nos livros “Tons de ver-te” de Marcelo de Cristo e “Desaprendizagem” de Luiz Renato   

TENDA DOS AUTORES
Willington Germano

Ticiano Duarte. Foto Canindé Soares

Woden Madruga. Foto Tribuna do Norte


19h – Mesa literária 3: “Cem anos de Djalma Maranhão”
Com Woden Madruga, Ticiano Duarte e Willington Germano

O encontro costura a linha do tempo do ex-prefeito Djalma Maranhão (Natal, 27 de novembro de 1915/ Montevidéu, 30 de julho de 1971), que foi professor, jornalista e prefeito eleito por voto direto. Promoveu uma série de iniciativas que marcaram o dinamismo de sua administração, sobretudo na área de educação. Imortalizou sua gestão com o projeto "Pé no Chão Também se Aprende a Ler", coordenada pelo professor Moacyr de Góes, então secretário de Educação, com o objetivo de erradicar o analfabetismo na capital. Em 1964, com o golpe militar, Djalma é preso e levado ao Quartel General por ter sido contrário aos ideais militares da época. Na Guarnição, o coronel Mendonça Lima lhe ofereceu liberdade em troca da renúncia ao cargo de prefeito. Djalma não aceitou e foi encaminhado à prisão. Passou pelas celas de Fernando de Noronha e, depois, em Recife. No mesmo ano, pediu exílio político e foi para Montevidéu.


Antônio Risério


21h – Mesa literária 4: “Cidade, Antropologia & poesia”
Com o antropólogo, poeta e historiador Antônio Risério (BA) e a antropóloga Wani Pereira (RN)




Marina Colasanti

Ângela Almeida


20h - Mesa Literária 5: “Campos e espaços do conto e da crônica”
Com a escritora e psicóloga Marina Colasanti (MG) e Ângela Almeida


08/08- SÁBADO

Tema do Dia: “Paralelos dos legados de Hélio Galvão e o Turista Aprendiz, de Mário de Andrade”

Lívio Oliveira


8h O poeta Lívio Oliveira abrindo os “Paralelos dos legados de Hélio Galvão e do Turista Aprendiz” com o mestre Pedro Benedito

9h Histórias com Vinícius Viramundos (PE)
Vinícius Viramundo


10:00 Ação Sesc de Incentivo à Leitura: Alexandre Alves (RN) e Vinícius Vira Mundo (PE)

11:30 INTERVALO

13:30  Contação de Histórias com Vinicius Viramundos (PE)

14:30 Ação Sesc de Incentivo à Leitura: Alexandre Alves (RN) e Vinícius Vira Mundo (PE)

15:30 Mesa dos paralelos: Livio Oliveira e Carlos Fialho: Os Legados de Hélio Galvão e Mário de Andrade e os  Novos caminhos na literatura do RN

17às 18h30 - Espaço Jovens Escribas: Bate-papo com Beatriz Madruga, Márcio Benjamin e Dinarte Assunção.

18h30 - Autógrafos nos livros “A Estação de Ana e outras estações” de José Delfino, “Aos pedaços com tudo” de Beatriz Madruga, “Maldito Sertão” de Márcio Benjamin e “Sobre Viver” de Dinarte Assunção.

18h: Encantaria: coreografia de Anísia Marques inspirada na gravação de “Boi Tungão” (de Chico Antônio) – registro gravado há mais de uma década pela Orquestra Sinfônica com arranjos de Danilo Guanais.

TENDA DOS AUTORES
Aldo Lopes

Demétrio Diniz. Foto Tribuna do Norte

Tácito Costa. Foto Rogério Vital


19h30: Mesa literária 6: Literatura e sertão: o regional e o universal
Com o romancista Aldo Lopes, o poeta e contista Demétrio Diniz e o jornalista Tácito Costa

Marcelino Freire

Jorge Mautner

20h30: Mesa literária 7:“Caminhos do Filho do Holocausto e do filho de Sertânia”
Com Jorge Mautner, Marcelino Freire e Mário Ivo Cavalcanti

Banda Qu4tro encerra programação. Foto: Duas Estúdio
22:00 Show Qu4tro: Grupo Qu4tro reúne os artistas potiguares Khrystal, José Fontes, Sami Tarik Soares e Ronaldo Freire de Lima. Apresenta músicas autorais e versões singulares de Jorge Mautner, Milton Nascimento, Dominguinhos, Genival Lacerda, entre outros.
Este show será no palco anexo à tenda principal.

Pipinha Literária - Tenda Sesc

Todos os dias
8h às 19h
Contação de Histórias, Vivências Literárias, Brinquedos e Brincadeiras Populares e Oficinas de Reciclagem/Origami/Arte em Vinil.

Pelo quarto ano, Bibliosesc participa do Flipipa


Bibliosesc - Biblioteca móvel, com o objetivo de formar leitores e encurtar a distância entre o leitor e o livro, disponibilizando acervo com mais de 3 mil livros durante todo o festival.
Horário de funcionamento: todos os dias das 8h30 às 21h

Rádio Difusora do Flipipa
Serviço de comunicação externa com informativo sobre a programação, leitura de textos, utilidade pública, música, entrevistas, etc.
Horário: 8h as 19h

Assalto Poético: com Joanisa Prates e Paula Medeiros
Bicicleta poética: Pelas ruas de Pipa serão espalhados textos literários, em formato de buquês de papel, cata-vento e flores.

Gnomos & trolls – a câmara secreta: filme sueco estará na mostra Cine Sesc

Cinesesc- Exibição de longas e curtas que compõem o acervo do Cine Sesc RN durante todos os dias do festival
Horário:19h
Mostra itinerante Festival Internacional Nueva Mirada.

O Festival é realizado pela Nueva Mirada, uma entidade privada (Argentina) sem fins lucrativos especializada em cultura, indústrias culturais e de comunicação dedicados a responder às necessidades de formação e desenvolvimento educacional e cultural de crianças e jovens.
Entre os objetivos do Festival é divulgação internacional e intercâmbio de obras audiovisuais, que conta para a diversidade cultural, a fim de contribuir para a educação de crianças e jovens.
   
06/08 – quinta-feira

08h30    Gnomos & trolls – a câmara secreta (Suécia) de Robert Rhodin; de 04 a 10 anos
10h    Curtas de animação: de 04 a 10 anos
13h30  Curtas de animação a partir de 11 anos
15h    Max envergonhado (Dinamarca) de Lotte Svendsen
à partir de 11 anos

18H30 Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
20H Curtas de animação; de 04 a 10 anos
   
07/08 – sexta-feira
MOSTRA DE CINEMA NUEVA MIRADA PARA A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
08h30 Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
10h Curtas de animação; de 04 a 10 anos
13h30  Toni, o garimpeiro (Alemanha) de Norbert Lechner
A partir de 11 anos
15h    O rei Siri (Sri Lanka) de Somaratne Dissanayake
A partir de 11 anos
18H30  Curtas de animação
de 04 a 10 anos
20H Gnomos & trolls – a câmara secreta (Suécia) de Robert Rhodin; de 04 a 10 anos
   
08/08 – sábado
08h30    Curtas de animação; de 04 a 10 anos
10h Curtas de animação; de 04 a 10 anos
13h30 Os crocodilos (Alemanha) de Cristian Ditter
A partir de 11 anos
15h Kérity, a mansão dos contos de Dominique Monféry
de 04 a 10 anos
18H30 Curtas de animação; de 04 a 10 anos
20H O rei Siri (Sri Lanka) de Somaratne Dissanayake
A partir de 11 anos




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Jards Macalé e Antônio Cícero se encontram para falar sobre parcerias, poesia e Waly Salomão

Jards Macalé fala sobre música, poesia e contracultura

Algumas das mais icônicas letras da Música Popular Brasileira saíram da cabeça de Jards Anet da Silva, conhecido como Jards Macalé, 72 anos. Compositor, cantor, violonista, arranjador e ator, Macalé foi um dos atores mais presentes do movimento de contracultura brasileira da segunda metade do século 20 e até hoje, continua a produzir e influenciar a música brasileira. Compôs, sozinho ou com parceiros como Wally Salomão, o maior deles, e também Jorge Mautner, Torquato Neto, Xico Chaves e Capinam entre outros, algumas das mais importantes músicas já gravadas, como “Vapor Barato”, “Mal Secreto”, “Anjo Exterminado”, “Gothan City”, “Hotel de Estrelas”, “Revendo amigos”, “Movimento dos Barcos”. 

Mas Foi com Wally Salomão que teve uma relação de amizade que transcendia as afinidades musicais. Em 2005, para marcar os dez anos sem a presença do amigo, reuniu o melhor do cancioneiro da dupla no álbum ‘Real Grandeza’, um documento vivo da genialidade de ambos. Na época, escreveu:

“Wally Sailormoon, 'Marinheiro da Lua' como se auto-intitulava, nasceu prá mim por volta de 1966/67 no Rio de Janeiro. Amigo de Caetano, apareceu lá em casa em Botafogo (R. Teresa Guimarães, casa 9) pequena vila onde eu morava. Expansivo, falando alto, gestos largos, um furacão em fina inteligência, de cara me deu a letra de ‘Anjo Exterminado’, nossa primeira musica. Na medida em q compunhamos as primeiras cancões, a amizade estreitava-se. 

Poeta ímpar, poeta guerreiro, me envolvia em seu entusiasmo, incentivando-me a mostrar nossa producão através de minha própria voz. Eu, timido, demorei a solta-la. Waly foi incansável neste propósito. Na gravacão de meu primeiro disco "Jards Macalé"(1972), foi vital sua presença. Dois anos depois entramos em estudio para gravar o segundo LP: "Aprender a Nadar", que concebemos juntos. Nele aprensentava a "linha de Morbeza Romântica" cantigas ao estilo dorido de Nelson Cavaquinho & Lupicinio Rodrigues, que culminou na "Rua Real Grandeza" onde, para alegria dele, inventei a voz que me faltava. A presença de Waly é fundamental na minha aventura musical. Parceiro vigoroso de versos poderosos, Waly deu sentido ao que buscavamos: a liberdade poética, a experimentacao radical.”

Pela primeira vez no Flipipa, Jards Macalé falará sobre essa parceria na mesa "Das Falanges de Máscaras a Real Grandeza", tendo como parceiro de debate o escritor, ensaísta e compositor Antônio Cícero. O encontro abrirá oficialmente o Festival Literário, dia 6 de agosto, às 19h30.

O encontro com Cícero não é por acaso. Assim como Macalé, Cícero teve uma grande aliança intelectual com Wally Salomão.  Em 1994, organizou, em parceria com o poeta, o livro 'O relativismo enquanto visão do mundo', que reunia as conferências realizadas pelo projeto Banco Nacional de Ideias, além de ter estudos dedicado à poesia de Salomão.




O poeta e ensáista Antônio Cícero está de volta ao Flipipa
 SOBRE JARDS MACALÉ

Carioca do bairro da Tijuca, nascido em 3 de março de 1943 ao pé do Morro da Formiga, Jards cresceu rodeado por música, desde o batuque do morro vizinho, Vicente Celestino e Gilda de Abreu, até as valsas, foxes e modinhas tocadas ao piano pela mãe, Dona Lígia. Aos 8 anos mudou-se para Ipanema onde ganhou o apelido de Macalé, nome do pior jogador do Botafogo na época. Em meados da década de 1950 começou a aprender a tocar violão acompanhando a vizinha Marilena, colocou sua bola murcha de lado, mas adotou o Macalé como sobrenome.

Estudou piano e orquestração com Guerra Peixe, violoncelo com Peter Dauelsberg, violão com Turíbio Santos e Jodacil Damasceno, análise musical com Esther Scliar.  Amigo dos músicos baianos, em 1966 dirigiu um show de Maria Bethânia. Acompanhou de perto o Tropicalismo e, em 1969, entrou no IV Festival Internacional da Canção, numa teatral apresentação do rock "Gotham City".

Em 1970, Macalé foi a Londres em encontro dos baianos exilados. Com músicas gravadas por Gal Costa ("Hotel das Estrelas", "Vapor Barato"), Maria Bethânia ("Anjo Exterminado" e "Movimento dos Barcos") e Clara Nunes ("O Mais-Que-Perfeito"), resolveu fazer, na volta para o Brasil, seu primeiro LP solo, "Jards Macalé" (1972). No ano seguinte, gravou ao vivo, com vários artistas, o "Banquete dos Mendigos", disco duplo para comemorar o 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Censurado, o álbum só saiu anos mais tarde. Em 1974, Macalé lançou o LP "Aprender a Nadar", apresentando a linha de morbeza (morbidez + beleza) romântica do parceiro Waly Salomão.

Num dos vários lances de irreverência de sua carreira, alugou uma das barcas da Cantareira para fazer o lançamento do disco e terminou o show jogando-se no mar. Em 1987, lançou o LP "Quatro Batutas e um Curinga" e curtiu um hiato fonográfico de 11 anos, rompido por "O Q Faço É Música". Nesse meio tempo, seu trabalho veio sendo reconhecido tanto pelos jovens músicos ("Gotham City" foi regravada pelo Camisa de Vênus e "Vapor Barato" pelo Rappa) quanto pelos veteranos (Moreira da Silva, rei do samba de breque, passou-lhe o chapéu).

O ano de 2015 recupera um importante momento da carreira compositor, com o lançamento pelo selo Discobertas, do box triplo “Banquete dos Mendigos”. O álbum foi gravado ao vivo no dia 10 de dezembro de 1973 no Museu de Arte Moderna do Rio Janeiro, em show de comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em plena ditadura militar, Macalé dirigiu e Xico Chaves arregimentou grandes nomes da música como Chico Buarque. Gonzaguinha, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Jorge Mautner, Johnny Alf, Luis Melodia, Raul Seixas, Milton Nascimento, Dominguinhos, Gal Costa, Soma, Pedro Santos. O registro foi feito clandestinamente pelo engenheiro de som Maurice Hughes, mas o disco foi impedido pela censura em 1974 de chegar às lojas, sendo liberado para comercialização somente em 1979. A caixa lançada este ano foi produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes a partir dos tapes originais do show, guardados por Macalé há 42 anos.

ANTÔNIO CÍCERO

Poeta, compositor, ensaísta e filósofo, Antônio Cícero nasceu em 1945, no Rio de Janeiro. Suas atividades se dividem entre o domínio da poesia e da filosofia. Na poesia, ganhou visibilidade ao ter poemas seus musicados pela irmã Marina Lima, iniciando uma rica parceria que renderia sucessos como “Fullgás” e “Pra começar”.

A música marcou também outros encontros com Lulu Santos, João Bosco, Wally Salomão e Caetano Veloso (‘Grafitti’). Na poesia escrita lançou Guardar (Record, 1996), A cidade e os livros (Record, 2002) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O livro de sombras: pintura, cinema e poesia (+ 2 Editora, 2010). Em colaboração com Eucanaã Ferraz, editou a Nova antologia poética de Vinícius de Moraes (Cia das Letras, 2003) e com o poeta Waly Salomão, editou o livro O relativismo enquanto visão do mundo (Francisco Alves, 1994). Como pensador, publicou O mundo desde o fim (Francisco Alves, 1995) e Finalidades sem fim (Cia das Letras, 2005). Sobre Drummond, tema desta mesa, Cícero escreveu: “Evitando os fetiches da tradição e da vanguarda, Drummond criou uma obra inovadora que dialoga com formas clássicas.”

Fontes: Wikipedia, Site oficial de Jards Macalé, Notas Musicais

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Autor da biografia de Mário de Andrade tece relações entre o heroi Macunaíma e o coquista potiguar Chico Antônio

...Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta/ Mas um dia afinal eu toparei comigo... Tenhamos paciência, andorinhas curtas,/Só o esquecimento é que condensa,/E então minha alma servirá de abrigo.”


O filósofo e escritor Eduardo Jardim é autor da primeira biografia sobre Mário de Andrade
Os versos acima integram o célebre poema "Trezentos", de Mário de Andrade, e definem a onipresença deste poeta, romancista, crítico musical, gestor público, folclorista e agitador cultural na cultura brasileira. Verdadeiro heroi intelectual do Brasil, o autor de ‘Macunaíma’ e ‘Amar, verbo intransitivo’ deixou obras seminais que ajudaram a moldar a cultura brasileira e continuam a iluminar o Brasil neste século 21.

Nasceu em São Paulo em 1893, morrendo na mesma cidade 51 anos depois. E nos 70 anos de sua morte, surgem diversas abordagens e homenagens que atualizam seu legado para as novas gerações, lançando luz também sobre os recantos de sua vasta obra ainda pouco explorados.

Entre as centenas de veredas de sua produção intelectual está o livro “O Turista Aprendiz” (1928), obra que o conecta intimamente com o Rio Grande do Norte. Mário de Andrade era amigo do etnógrafo e intelectual Luís da Câmara Cascudo, com o qual mantinha correspondência regular, e também próximo do crítico Antônio Bento.

A convite de Cascudo, Mário visitou duas vezes o RN e, em uma delas, permaneceu 40 dias entre andanças por engenhos e  sertões do Seridó e do Oeste coletando documentos musicais e populares. Foi nessa viagem que conheceu o coquista Chico Antônio. A vida e a liberdade criadora do cantador encantam e inspiram o intelectual paulistano.

As coincidências que envolvem o mítico herói sem caráter Macunaíma e o coquista potiguar será um dos temas abordados no FLIPIPA 2015. Para isso, foi convocado o escritor e filósofo Eduardo Jardim, estudioso de Mário de Andrade e autor da biografia “Eu sou Trezentos —Mário de Andrade, vida e obra” (Edições de Janeiro, 256 páginas).  Jardim foi quem abriu a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty desde ano, falando sobre vida e obra de Mário de Andrade.

Carioca, foi professor de filosofia na PUC-Rio por muitos anos. Bolsista pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional, é autor de Eu sou trezentos (Edições de Janeiro, 2015), a primeira biografia de Mário de Andrade. Publicou também os estudos A brasilidade modernista: sua dimensão filosófica (Graal, 1978), Limites do moderno: o pensamento estético de Mário de Andrade (Relume Dumará, 1999), Mário de Andrade: a morte do poeta (Civilização Brasileira/Record, 2005), A duas vozes: Hannah Arendt e Octavio Paz (Civilização Brasileira/Record, 2007) e Hannah Arendt: pensadora da crise e de um novo início (Civilização Brasileira/Record, 2011).

A mesa “Macunaíma encontra Chico Antônio” contará com o interlocutor Vicente Serejo, um profundo conhecedor da obra  de Mário de Andrade. A palestra encerra a primeira noite do Flipipa, dia 6 de agosto.

Eu Sou Trezentos também será lançado durante o Flipipa
SOBRE O LIVRO
Em “Eu sou trezentos”, o autor articula a trajetória pessoal de Mário com seu projeto de reforma da cultura e do país, mostrando como as duas vertentes caminharam todo tempo intrinsecamente associadas. O livro é fruto de anos de pesquisa do autor sobre o contexto do Modernismo brasileiro e seu grande artífice, e conta ainda com cerca de 50 imagens de Mário ao longo de sua agitada e profícua trajetória.

O livro parte da infância entre a capital e o interior paulista de menino triste e feioso, a formação conservadora, os estudos de música, a explosão do Modernismo – quando conjugou uma nova ideia de Brasil ao lado de um grupo de artistas, como Oswald de Andrade e Anita Malfatti -, o livro traça um perfil deste que foi, mais que um grande animador cultural, um intérprete singular do país, sua arte e sua gente.

Mário de Andrade teve também forte atuação política — experiência de belas realizações e grandes frustrações. Ganha destaque, nesse percurso, uma série de tensões que marcaram o pensamento e a própria vida do poeta: o impulso lírico e a inteligência analítica, o nacional e o universal, o letrado e o popular, a “vida de cima”, consciente e elevada e a “vida de baixo”, com tendências instintivas.
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Flipipa confirma primeiros nomes da edição 2015

Mário de Andrade é tema da mesa de abertura do Flipipa 2015
com o filósofo e biógrafo Eduardo Jardim - foto O Globo

As coincidências que envolvem o mítico herói sem caráter Macunaíma e o coquista potiguar Chico Antônio estão entre as abordagens que ilustram o Festival Literário da Pipa em 2015. O evento movimenta o litoral Sul do RN entre os dias 6 e 8 de agosto, e  quem abre a programação é o filósofo, escritor e pesquisador carioca Eduardo Jardim, biógrafo do modernista Mário de Andrade e autor do livro "Eu sou trezentos: Mário de Andrade vida e obra", lançado em fevereiro deste ano. Jardim também abriu a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), ao participar da meta “As margens de Mário”.

O autor de “Macunaíma” e “Amar, verbo intransitivo”, que esteve no RN no final da década de 1920 a convite de Câmara Cascudo, foi o grande homenageado da FLIP deste ano. E se lá no Rio de Janeiro o tema homossexualidade não ficou fora do debate, aqui também poderá se repetir. Para quem não acompanhou, a Fundação Ruy Barbosa, que guarda o acervo do modernista, revelou o teor de uma carta que Mário (1893-1945) enviou para o poeta Manuel Bandeira (1886-1968) falando do assunto.

“Os nomes estão 80% fechados”, garantiu o produtor cultural Dácio Galvão, curador do Flipipa. A realização do Festival é da Fundação Hélio Galvão e Scriptorin Candinha Bezerra. Dácio preferiu apresentar a lista completa de convidados na próxima segunda (20), dia do lançamento oficial do evento, e, além de Eduardo Jardim adiantou apenas outro escritor confirmado: o pernambucano Marcelino Freire.

Para o curador, o ponto alto da fala de Jardim “é quando ele cruza a figura de Macunaíma com Chico Antônio”. Entre as novidades adiantadas por Dácio Galvão está a mudança de local do Flipipa, que irá para a arena de eventos Pipa Open Air. A estrutura inclui biblioteca móvel do Sesc,  restaurante e área de convivência.

Na programação, intervenção teatral do grupo Alegria Alegria, shows com o grupo Choro do Elefante e Sesi Big Band, mais performance inédita de dança criada por Anísia Marques em cima da gravação de “Boi Tungão” (de Chico Antônio) – registro gravado há mais de uma década pela Orquestra Sinfônicacom arranjos de Danilo Guanais.

Flipipa 2015 conta com patrocínios do Sebrae, Sesc/Fecomércio, Sistema Sesi/Fiern, Pipa Open Air, Ecocil, Inter TV, hotel Ponta do Madeiro, Prefeitura de Tibau e Grupo Gentil.

* fonte Tribuna do Norte

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Mário Andrade e Natal: uma ótima relação



Em 2008 completou os oitenta anos da visita do escritor paulista Mário de Andrade ao Rio Grande do Norte, quando aqui sentiu, viu coisas interessantes, conversou, fez amizades e levou uma imagem sobre Natal e o Nordeste que marcariam sua obra. Mas como esta visita repercutiu em Natal? Como a imprensa da época tratou este assunto?

Em 1928, o paulistano Mário Raul Moraes de Andrade já era uma figura consagrada na nossa literatura, desde 1922 quando ocorreu em São Paulo, a Semana de Arte Moderna. Movimento cultural, do qual foi um dos líderes e exerceu grande influência em outros escritores. Neste mesmo ano publicou seu livro “Paulicéia desvairada”, que provocou forte reação do público e da crítica.

A partir de 14 de agosto de 1924, o consagrado autor passa a manter com Luis da Câmara Cascudo, uma profícua troca de correspondências, onde decide realizar uma segunda “viagem etnográfica” pelo interior do Brasil (a primeira ocorreu em 1927 e visitou a região Norte).

Possuído por uma irrequieta e curiosa vontade de descobrir o que o Brasil dos “rincões” guardava, o escritor paulista não se contentava em ser um pesquisador de “gabinete”. A viagem era parte importante do seu processo de descoberta e contemplação da nossa cultura.

A época do planejamento e concretização desta viagem, Mário era amigo do paraibano, radicado no Rio Grande do Norte, Antônio Bento de Araújo Lima, que seria um dos seus acompanhantes durante esta empreitada.

A viagem ao Nordeste já estava planejada e orçada desde 1926, mas apenas em fins de 1928 pode ser concretizada. A chegada pelo mar se deu no Recife, em 3 de dezembro, dali em diante seguiram por terra e só retornara a São Paulo em 20 de fevereiro do ano seguinte.

As cidades de Natal, Recife e Parahyba (atual João Pessoa) foram suas principais bases para seus levantamentos e pesquisas e Natal foi local de permanência mais demorada. Passaram um mês e meio na capital potiguar, treze dias na pernambucana e onze dias na paraibana.

Mário chegou a Natal no dia 14 de dezembro, uma sexta-feira, tendo sido recepcionado na estação ferroviária da “Great Western” por Câmara Cascudo, de quem era hóspede. Afirmou ao jornal “A Republica” que sua visita ao Rio Grande do Norte se prendia a “estudos literários”. No mesmo trem que trouxe o escritor paulista, uma pequena notícia social informava que, igualmente chegou de Recife, havia desembarcado o acadêmico do 1º ano do curso jurídico, o jovem Afonso Bezerra, sem haver nenhuma indicação de algum contato deste e Mário de Andrade.

A visita do escritor movimentava a intelectualidade da cidade. O colunista Aderbal de França apresentou Mário de Andrade como “vanguardeiro de uma das principais correntes do pensamento brasileiro”. Ele Perguntava; “e a que veio o notável escritor de “Macunaíma?”, para mais adiante responder “na sua simplicidade habitual, estudar as tradições da nossa terra, para decantá-las na feição moderna que tão bem sabe lapidar os hábitos conservadores da nossa raça”.

Não faltou na coluna uma referência a um falecido poeta potiguar Ferreira Itajubá; “Mario de Andrade se desagrega das ruas, cheirando a indústria da paulicéia e vem as ruas com anseios de progresso da terra de Itajubá, que se vivo fosse vivo, seria, talvez, aqui, um da “escola paulista”. Finalizava Aderbal apresentando uma idéia de certo pioneirismo que esta visita apresentava a cidade “Vem, dentro do seu modernismo, ver de perto o que possuímos aí pelos recantos da cidade e do interior, porque em verdade, a vida do norte vive sempre tão ignorada dos intelectuais do sul!”.

No dia seguinte, Mário e Cascudo visitaram o governador Juvenal Lamartine no seu gabinete, em visita de cortesia. Esta visita se repetiria no dia 18, e ficaram registradas.

Oscar Wanderley, comenta em artigo publicado em 8 de janeiro, uma visita feita pelo escritor, junto com Cascudo e Antônio Bento, a redação do jornal “A Republica”, então um ponto de encontro dos intelectuais da terra.

Já nos primeiros dias, além de Cascudo e Bento, Mário vai criando na cidade um círculo de amigos como Barôncio Guerra, Cristóvão Dantas, Jorge Fernandes e outros. Estes são os companheiros de banho de mar (principalmente na praia da Redinha), de passeio, de descanso, de pesquisa. Em toda parte, “gente suavíssima que me quer bem, que se interessa pelos meus trabalhos, que me proporciona ocasiões, de mais dizer que o Brasil é uma gostosura de se viver”, conforme escreveria o autor no futuro.

As impressões da cidade sobre o escritor paulista

Os jornais natalenses não são prolíficos sobre a opinião gerada na comunidade em relação à visita do escritor a cidade. Oscar Wanderley, entretanto, narra as impressões de uma visita noturna a Mário de Andrade, na “Vila Cascudo”.

Além de Oscar e do próprio Mário, estavam presentes, o anfitrião Cascudo, Vicente Gama, Alberto da Câmara, Arary Britto, e o desportista José Hugo, o “Zezé”. Mário acolheu a todos com familiaridade, estava ao piano, bebendo café, debatendo, ou reverentemente escutando e anotando freneticamentery Brittoressitas horas noite a dentro, onde o jornalista  as toadas e canções que lhe eram apresentadas, principalmente por Vicente Gama e Arary Britto. Entre goles de café, Mário comentava com os presentes aspectos de “bruxarias”.

Sobre este comentário, Wanderley afirma que o jornalista Damasceno Bezerra, lhe informou estar o escritor paulista desejoso de visitar “um Catimbó lá pras bandas do Alecrim”.
Mário de Andrade é apresentado com “mãos longas, de dedos muito finos, cor de marfim velho, na extremidade de dois longuíssimos braços, que faziam gestos despreocupados, entremeando as nossas primeiras saudações”.

Wanderley deixa escapar em suas linhas que a esta inimitável figura paulistana, já estava se tornando habitual, ao dia a dia da ensolarada capital nordestina, de vinte poucos mil habitantes; “Não sei se todos os senhores já o virão por aí, a caça de Sambas, de Cocos, de Pastoris, de Cheganças, de Bumbas-meu-boi. Viram-no, de certo”.

O autor do artigo enaltecia o nacionalismo da obra de Mário, sendo este “um dos raros escritores que conseguiram fugir da epidemia onseguiram  escritores que fugiram do romantismo ingenuo  e de autoria de Oscar Wanderley foi uma visita a redaçecer do romantismo ingênuo e inconseqüente”. O encontro só acabou após as vinte e duas horas, onde o autor de “Macunaíma” deixou uma impressão de “honestidade estrutural do caráter do artista-escritor”.

A Natal popular e outras paisagens

É nesta condição de “honestidade cultural” que o pesquisador organizado, aliado a sua infatigável capacidade de trabalho, parte para conhecer, junto com Câmara Cascudo, Antônio Bento e outros, o Boi, o Fandango, a Chegança, os Congos, o Catimbó, seus mestres e feiticeiros. Busca os bairros populares, “sem iluminação, sem bonde, branquejado pelo areão das dunas”.

Mário de Andrade mostra sua predileção pela Natal menos visível, dos bairros proletários, com suas brincadeiras populares. Nas praias de Areia Preta e da Redinha, o escritor encontrou; “Sambas, Maxixes, Valsas de origem pura, eu na rede, tempo passando sem dizer nada”, (conforme comentaria em seu futuro livro “O turista Aprendiz”). Para ele, a Natal do final dos anos de 1920, era uma cidade que se mostrou alegre, mas com relações distintas, onde o escritor paulista não deixa de lado a crítica social: pois, “se saúde, facilidade, bem-estar fosse dedutível da alegria, o proletário nordestino vivia no paraíso”.

O escritor comenta, em uma anotação feita em 2 de janeiro de 1929, o que via da cidade; “Não há mocambo. O mangue fica da outra banda do Potengi, onde ninguém mora. No Alecrim, como em Rocas, as casas são cobertas de telha e muitas de tijolo. Se enfileiram pequititas, porta e janela de frente, em avenidas magníficas, todas com o duplo de largura da rua comum paulistana”.

Mário realizava um roteiro até então pouco usual de introdução às cidades nordestinas. Apreciando a cultura, festas populares, arte, história, mas também as comidas e as bebidas locais, as praias e os banhos de mar.

Durante sua permanência em Natal, junto com Antonio Bento, o escritor vai a fazenda “Bom Jardim”, na região de Goianinha, conhecer e se encantar com o trovador “Chico Antônio”, como era conhecido Francisco Antônio Moreira. Para Mário, “Chico Antônio não sabe que vale uma dúzia de Carusos”.

Depois de algum tempo desfrutando das benesses da capital e da região próxima ao litoral, chegou à hora de seguir em direção ao interior do estado. Dois relatos sobre a visita ao sertão são publicados no jornal “A Republica”; uma foi a série de crônicas de viagem produzidas por Câmara Cascudo, intituladas “Diário dos 1.104 km” e a outra foi o interessante material escrito por Antonio Bento “Macau-Assu-Seridó-1.104 km em 5 dias”, escrito no dia 27 de janeiro.

A despedida da cidade

No dia 25 de janeiro, Mário de Andrade realiza uma última visita de cortesia ao governador Juvenal Lamartine. No outro dia, as oito da noite, no tradicional Hotel Internacional, ele é homenageado com um jantar, onde estiveram presentes, além de Câmara Cascudo, Antonio Bento, Cristóvão Dantas, Lélio Câmara, Omar O’Grady, Luiz Torres, Nunes Pereira, Adauto Câmara, Jorge Fernandes e Gonzaga Galvão. Juvenal Lamartine foi convidado, mas não foi, mandou seu ajudante de ordens, o capitão Genésio Lopes representá-lo.

Na manhã do dia 27, o escritor paulista ta poronio bantes nesta empreitada.Norte, omtemplaçseguiu em um automóvel para a cidade da Parahyba (atual João Pessoa), em companhia de Antonio Bento e a convite de José Américo de Almeida.

Qual foi a principal marca que a visita de Mário de Andrade deixou em Natal?

O engenheiro agrônomo potiguar Garibaldi Dantas, em uma interessante crônica, publicada no dia 6 de abril de 1929, em “A Republica”, apontava a validade da iniciativa de Mário de Andrade em visitar e pesquisar as tradições nordestinas, mostrando a intelectualidade local a importância do que possuíamos em termos de cultura.

Dantas criticou duramente a intelectualidade potiguar, afirmando que “ao invés de ficarem nas eternas questiúnculas bizantinas de escolas estrangeiras, fossem ao nosso interior, e de lá trouxessem estes motivos interessantes que um dia poderão ser gênese de algum trabalho formidável e original”. Conclamava os “literatos do norte” a evitarem a triste idéia corrente de crescer e fugir do meio. Dantas afirmava, certamente baseado na experiência de um engenheiro agrônomo que conhecia o interior, que “o Brasil não está nas capitais. Está no sertão rude, brutal, desconhecido mesmo”.

Dantas afirmava que a corrente de brasileirismos criada pela Semana de Arte Moderna de 1922, mesmo com seus exageros, “terá um dia a sua significação formidável, na formação de uma mentalidade brasileira”.

Ele não estava errado.

* fonte Tribuna do Norte, autor Rostand Medeiros

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