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Flipipa é exemplo na reportagem da revista Época sobre eventos que transformam os municípios




O Festival Literário da Pipa, realizado desde 2009 pelo projeto Nação Potiguar, é um dos exemplos da  reportagem da revista Época sobre festivais que transformam positivamente a vida cultural de vários municípios brasileiros. O Flipipa aparece ao lado de grandes eventos brasileiros de caráter internacional, como a Flip - Festival Literária Internacional de Paraty, o Festival de Campos do Jordão, o Festival Internacional de Cinema de Gramado, entre outros. Confira na íntegra a reportagem assinada por Rafael de Pino e Marcelo Osakabe abaixo ou pelo site http://revistaepoca.globo.com/especial-cidades/noticia/2012/10/como-os-festivais-alteram-vida-cultural-e-vocacao-economica-de-municipios-brasileiros.html :

Eventos que transformam

Como os festivais alteram a vida cultural e a própria vocação econômica de vários municípios brasileiros

RAFAEL DE PINO E MARCELO OSAKABE
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DANÇA À BEIRA-MAR Os bailarinos Giovana Siquieroli e Daniel Robert apresentam o balé Carnaval de Veneza no Festival de Dança de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, em setembro. A cidade da Região dos Lagos tenta atrair turistas com mais do que apenas praias bo (Foto: Reginaldo Azevedo)
Até 2003, a cidade de Paraty era conhecida por seu casario colonial, suas cachaças artesanais e a paisagem tropical do litoral sul do Rio de Janeiro. Era pouco conhecida fora do Brasil. Quase dez anos depois, virou sinônimo de literatura e recebe anualmente algumas das mentes mais criativas do mundo atual. O motivo da mudança foi a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, um festival literário que leva o nome da cidade ao mundo todo. A Flip virou referência de sucesso dos eventos culturais. Mas não foi pioneira.
Em 1968, a cidade paranaense de Londrina entrou no mapa cultural do país com o festival internacional de teatro Filo. Em 1973, a cidade serrana de Gramado, na Serra Gaúcha, sediou a primeira edição do festival de cinema que, até hoje, é o mais importante do Brasil. A Flip definiu, porém, um novo patamar de evento cultural e tornou-se o mais relevante deles. Ela trouxe três conquistas básicas, que até hoje enchem os olhos de prefeituras e agitadores culturais: elevou a qualidade do turismo, trouxe ganhos materiais e imateriais e colocou a cidade em lugar de destaque no calendário cultural. O resultado? O jeito da Flip de fazer evento cultural se tornou inspiração para novos e antigos festivais de música, cinema, teatro, dança, gastronomia e, principalmente, de literatura (leia o quadro abaixo). Hoje são centenas as cidades brasileiras que buscam a transformação por meio da cultura. Elas disputam quem faz o melhor festival na área que escolheram – e isso se tornou uma característica marcante da cultura do país. O Brasil, sem exagero, se tornou o país dos festivais.
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A principal inovação da Flip em relação aos demais foi estreitar a proximidade dos palestrantes com o público. Isolados nas ruas de pedra do Centro Histórico, fãs e celebridades caminham juntos, bebem juntos, vão às mesmas festas. Depois da Flip, todos os festivais tiveram de copiar essas características para tentar os mesmos resultados. O Fórum das Letras, de Ouro Preto, criado em 2005, é praticamente uma cópia da Flip em território mineiro, com palestras e festas pela cidade. No Garanhuns Jazz Festival, em Pernambuco, além de shows de jazz, os artistas têm contato com o público em palestras e oficinas de música. O Festival Internacional de Dança de Cabo Frio junta a cultura erudita do balé num cenário descontraído de praia.
25 polos  de cultura (Foto: Fotos: Odair Leal/A Crítica/Folhapress, Beto Figueiroa/O Santo/Secult PE, Monique  Renne/CB/D.A Press, Edison Vara/Pressphoto e Zanone Fraissat/Folhapress)
Um festival cultural não faria sentido se ele não deixasse um legado para a cidade. A Associação Casa Azul, organizadora da Flip, foi parceira na criação de 30 novas bibliotecas na cidade, implantou programas de incentivo à leitura nas escolas e ajudou a minimizar o impacto dos 30 mil visitantes que a cidade recebe na semana da festa com a reforma da Praça da Matriz, um dos principais espaços de convivência do local. Isso ocorre também em Joinville, em Santa Catarina, sede do maior festival de dança do país há 30 anos. A identificação foi tão grande que o balé Bolshoi abriu uma escola na cidade, a única fora da Rússia. “O que funcionou na Flip foi pensar em integrar arte, educação e valorização dos espaços públicos”, afirma o arquiteto Mauro Munhoz, diretor da associação Casa Azul e um dos idealizadores da festa ao lado da editora inglesa Liz Calder.
Outro efeito imediato são o aumento e a qualificação do turismo. O nome do Festival Literário da Pipa, a Flipipa, revela a inspiração na festa de Paraty. Pipa se localiza em Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte. Lá, uma fundação particular buscou patrocínio federal para realizar a primeira edição de seu festival literário em 2009. Como a praia que dá nome ao festival é uma das mais famosas do Estado, e o número de turistas nunca tinha sido problema, o objetivo dos organizadores era mudar de público. “A Pipa reclamava um turismo de conteúdo”, afirma Dácio Galvão, curador da Flipipa. A primeira edição teve 8 mil pessoas. Na última, em novembro do ano passado, o número de turistas trocando o sol pelas palestras subiu para 20 mil.
LIVROS VIVOS A Praça da Matriz lotada durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2012.  A cultura salvou a cidade fluminense  da degradação    (Foto: Márcia Foletto/Ag. O Globo)
A colonial Ouro Preto se acostumou com turistas culturais há pelo menos 100 anos. A cidade recebe 600 mil visitantes por ano e tem um calendário cheio de eventos. Realiza com sucesso, desde 1967, seu Festival de Inverno, hoje conhecido como Fórum das Artes. Sedia ainda um festival de jazz e outro de cinema. A cidade está mudando o jeito de fazer eventos culturais. A programação é fechada com antecedência, a equipe que trabalha no evento recebe treinamento, e o público é convidado a participar mesmo antes de o festival começar, com seminários de preparação. O maior estímulo por renovação se dá pela concorrência com outras cidades coloniais mineiras, como Tiradentes, sede de um dos maiores festivais internacionais de gastronomia. “Toda cidade tem potencial de vida cultural, que muitas vezes fica adormecido”, afirma Ângelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto. “Toda cidade que investir em cultura terá, primeiro, melhora na qualidade de vida do povo e, depois, retorno econômico com turismo. É um ótimo negócio.” Em Ouro Preto, nasceu, em 2005, o Fórum das Letras, quase uma cópia da Flip em território mineiro. A convivência próxima dos artistas e visitantes convidados com o público virou regra também nos demais festivais da cidade.
Quando organiza um festival, uma cidade busca também se tornar uma referência na área. É o que ocorre com São José do Rio Preto, em São Paulo. A cidade abriga teatro de vanguarda, musicais e peças clássicas. Em Campina Grande, na Paraíba, a ênfase é na música clássica. Seu diretor, Vladimir Silva, foi maestro em orquestras fora do país e atrai convidados internacionais consagrados. Ele já trouxe a pianista Eudóxia de Barros e o Quaternaglia Guitar Quartet, além de uma encenação da ópera contemporânea Domitila, de João Guilherme Ripper. Conhecida por ter a maior festa de São João do país, Campina Grande começa a se tornar referência em música erudita também. “Toda cidade deveria investir em cultura”, afirma Marcelo Lopes, diretor do maior festival de música erudita do Brasil, em Campos do Jordão, São Paulo. “O turista se identifica com a cidade, e o habitante se orgulha dela.”

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Veja como será o Flipipa Cultural e Pipinha Literária

Estande da Cooperativa Cultural

FLIPIPA CULTURAL E PIPINHA LITERÁRIA

Espaço FLIPIPA / SESC

 BLIBLIOSESC — Biblioteca itinerante
DIAS 22, 23 E 24/11 das 8h30 às 22h.
Local: Área Externa
A mais conhecida biblioteca móvel do País, montada sobre um caminhão e equipada com mais de três mil livros, volta a Pipa um ano depois de seu lançamento no Festival Literário. Espaço de leitura no local e empréstimos de livros durante os três dias de atividade do Festival.

Dia 22/11
 Local: TENDA LITERÁRIA 
HORÁRIO: Das 08h30 às 16h30

8h30– Contação de histórias com o grupo de teatro Estação de Contos.
(faixa etária: até 10 anos- 300 lugares)
Transmissão da historia de formal oral, onde o contador interpreta a historia e os personagens nela contida de forma lúdica.


10h – Peça: Flúvio e o Mar
Apresentação do Coletivo teatral Atores à Deriva
(faixa etária: crianças e adolescentes – 300 lugares)

A peça conta a história de Flúvio, um menino de nome aquático que mora na pequena cidade de Elmo das Pedras e que um dia decide partir em uma aventura em busca do mar. No caminho, Flúvio encontra alguns personagens pitorescos: o Poeta, uma figura sábia e esquisita com um corpo só e duas cabeças; Maravilhoso, um jovem inteligente e muito ligado à sua terra e também as últimas tendências da moda; João Insatisfação, um jovem que tem uma verdadeira obsessão por comprar, mas que não conhece a própria mãe. Após uma tempestade, Flúvio encontra o mar e percebe que este está cheio de lixo, fruto de escolhas mal feitas por pessoas do mundo todo.

Texto e Direção: Henrique Fontes | Elenco: Bruno Coringa, João Victor Miranda, Luiz Gadelha, Doc Câmara e Paulo Lima | Duração: 75min | Classificação: livre

14h – Ação de Incentivo à Leitura com autores convidados pelos Jovens Escribas. 
(faixa etária: adolescentes | 300 lugares).
Bate papo descontraído entre o leitor e autor, que fala sobra a própria obra e trajetória pessoal e acadêmica

15h – Contação de histórias com o grupo Estação de Contos
(faixa etária: até 10 anos | 300 lugares)
Transmissão da história de forma oral, onde o contador a interpreta, através das personagens nela contida, de forma lúdica.
 CINE SESC – NO EDUCAPIPA

Dias 22 e 23/11

10h  — Educapipa
 Procura-se (curta)
Direção: Iberê Carvalho | Classificação: livre
Camile fará de tudo para encontrar seu cachorro perdido. O que ela não sabe é que essa será a maior aventura de sua vida.
 O Menino Mofado (curta)
Direção: André Pellenz | Classificação: livre
Um dia Marcos acorda e descobre que... Mofou!
 Vai dar Samba (curta)
Direção: Humberto Avelar
Cinco crianças se reúnem secretamente em uma loja mágica de instrumentos musicais para brincar de fazer música. Uma aventura que “vai dar samba”!
 O Sumiço do Amigo Invisível (Curta)
Direção: Paola Leblanc
Pense rápido e responda: como se faz para encontrar um amigo que a gente não consegue ver?

 11h — Um Gato em Paris
França, 2010, animação, 70 min. | Direção: Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli |
Classificação indicativa: 10 anos
Dino é um gato que divide a vida entre duas casas. Durante o dia ele fica ao lado de Zoé, a filha de Jeanne, que é delegada de polícia. À noite ele acompanha Nico, um ladrão de grande habilidade que perambula pelos tetos de Paris em busca de novos roubos. Dino é testemunha de tudo o que acontece com seus dois donos e, por causa disto, vive várias aventuras.


14h — O Pequeno Nicolau 
França, 2010, comédia, 91 min. | Direção: Laurent Tirard | Classificação indicativa: livre
Nicolau leva uma vida tranquila, sendo amado por seus pais e com diversos amigos, com os quais se diverte um bocado. Um dia ele surpreende uma conversa entre os pais, a qual faz com que acredite que sua mãe está grávida. Ele logo entra em pânico, pois acredita que assim que o bebê nascer ele não mais receberá atenção e será abandonado na floresta, assim como ocorre nas histórias do pequeno Poucet, de Perrault.


16h — Deu a Louca na Chapeuzinho
EUA, 2004, animação, 80 min. | Direção:Todd Edwards, Tony Leech, Cory Edwards | Classificação indicativa: livre
A tranquilidade da vida na floresta é alterada quando um livro de receitas é roubado. Os suspeitos do crime são Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau, o Lenhador e a Vovó, mas cada um deles conta uma história diferente sobre o ocorrido.

DIA 24/11
Cine Sesc Educapipa

08h — As Aventuras de Azur e Asmar 
França, 2005 | Direção: Michel Ocelot | Classificação indicativa: livre
Os meninos Azur e Asmar foram criados juntos pela mesma mulher, Jenane. Azur é loiro e tem olhos azuis, além de ser filho de um nobre. Já Asmar tem olhos e cabelos pretos, sendo filho de Jenane, ama-de-leite que cuida de Azur. Eles cresceram como se fossem irmãos, até serem separados quando Jenane parte com o filho. Asmar cresce ouvindo as histórias da mãe sobre a lendária Fada dos Djins e, quando se torna adulto, decide partir à sua procura.


10h — Mutum
Direção: Sandra Kogut | Classificação: livre
Mutum quer dizer mudo. Mutum é uma ave negra que só canta à noite. E é também o nome de um lugar isolado no sertão de Minas Gerais, onde vivem Thiago e sua família. Thiago tem dez anos e é um menino diferente dos outros. É através do seu olhar que enxergamos o mundo nebuloso dos adultos, com suas traições, violências e silêncios. Mutum é baseado na história de Miguilim, da novela "Campo Geral", de João Guimarães Rosa;

12h — As Bicicletas de Belleville
França, Bélgica e Canadá | Direção: Sylvain Chomet | Classificação: 10 anos
Champion é um menino solitário, que só sente alegria quando está em cima de uma bicicleta. Percebendo a aptidão do garoto, sua avó começa a incentivar seu treinamento, para fazê-lo um verdadeiro campeão e poder participar da Volta da França, principal competição ciclística do país. Porém, durante a disputa, Champion é sequestrado. Sua avó e seu cachorro Bruno partem então em sua busca, indo parar em uma megalópole localizada além do oceano e chamada Belleville.


Dia 23/11

Local: TENDA LITERÁRIA
Horário: 8h30 às 16h30 

8h30 –Contação de Histórias com o grupo Estação de Contos
(faixa etária até 10 anos – 300 lugares)

10h –Ação de Incentivo à Leitura com os Jovens Escribas.
 (faixa etária- adolescentes – 300 lugares).

14h–Apresentação Teatral com o Coletivo Atores à Deriva.
Peça: Flúvio e o Mar.
(faixa etária- crianças e adolescentes – 300 lugares)

15h50 – Apresentação do grupo de Dança e Ballet do SESC/RN ”Cinema –Grandes Musicais”.
(faixa etária aberta – 300 lugares)
Através de 16 coreografias, inspiradas em clássicos do cinema, o Ballet do Sesc faz uma releitura da sétima arte.


TENDA SESC LITERÁRIA
Horários: 9h / 16h / 19h

Oficina 1: Tarrafada Literária 
(30 alunos por sessão. Faixa etária: a partir dos 12 anos).
Fundamentado na poesia da escritora Roseana Murray, objetiva disponibilizar um espaço para a construção de uma rede de compartilhamento de pensamentos, emoções e sentimentos, utilizando as expressões “vende-se”, “troca-se”, “aluga-se”, “precisa-se”, “compra-se”, “contrata-se” e “procura-se”.
O livro "Classificados Poéticos" foi selecionado por abordar, por meio de poesia simples e lúdica, sentimentos, anseios e realidades vivenciadas pelas pessoas, utilizando um jogo de palavras que faz parte do nosso cotidiano e traçando um paralelo de troca entre os que estão ofertando algo e os que estão à procura de algo.

Oficina 2: Retalhos de Pipa
(30 alunos, a partir dos 06 anos)
Baseado no livro “Colcha de retalhos” de Conceil C. da Silva e Nye Ribeiro Silva, essa oficina objetiva construir, em retalhos, de uma forma lúdica e divertida, a visão da paisagem local pelas crianças participantes do evento.

Oficina 3: Varal de Talentos
30 alunos. Faixa: 04 a 05 anos)
Contação de história e exposição do material confeccionado pelas crianças, utilizando as digitais impressas através de carimbos para produção de imagens, com o objetivo de despertar e valorizar a criatividade infantil.


Dia 24/11

14h30 – Tenda literária 
Recital: “Nove Poetas Novos e o Século XXI com isso”
  Com: Sol das Oliveiras Leão, Emanuel Kleiton, Tânia Lima, Igor Barbosa, Leandro Lispector, Chacon, Jota Mombaça, Celina Muniz e Bete Olegário

CAMINHADA LITERÁRIA
Local: RUA BAÍA DOS GOLFINHOS
Horário: 15h
 Baía dos Golfinhos até SPA da Alma (percurso: 3km). A caminhada organizada por Fernanda Bauernan e Ana Brito com participação da comunidade, turistas e escritores, aberta a interessados. Leituras e oralizações durante o percurso.
Participação do Grupo Sesc de Dramaturgia.


Apresentação do espetáculo: “Sua Incelença, Ricardo III” 
Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare/RN
 Local: Espaço de teatro/Sesc
Horário: 17h
O espetáculo marca o encontro entre dois nomes de destaque na cena teatral brasileira: o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal-RN, e o encenador Gabriel Villela, um dos mais importantes nomes do teatro contemporâneo do País. A peça parte do texto Ricardo III, de William Shakespeare, e ganha a rua através do universo lúdico do picadeiro do circo, dos palhaços mambembes, das carroças ciganas, criando um diálogo entre o sertão e a Inglaterra Elisabetana.
Direção: Gabriel Villela | Texto: William Shakespeare | Adaptação dramatúrgica: Fernando Yamamoto | Elenco: Camille Carvalho, Dudu Galvão, César Ferrario, Joel Monteiro, Marco França, Paula Queiroz, Renata Kaiser e Titina Medeiros | Duração: 75min | Classificação: 14 anos


SELO CENTENÁRIO DE JORGE AMADO
19h – Área externa
Lançamento oficial dos Correios do Selo em homenagem o centenário de Jorge Amado. Autores convidados farão a obliteração das primeiras cartelas, no ato simbólico de lançamento.

ÁRVORE DO LIVRO- Instalação com os livros doados.
Instalação coordenada pela Editora da UFRN (criação Jemmy Leão e Helton Rubiano) com livros doados pelo Festival Literário da Pipa para o projeto Leitura na Praça, da Bookshop de Pipa/Biblioteca de Sibaúma, coordenado por Sandra Almeida.

 ESPAÇO SESI MÚSICA (Solar Bela Vista)

Horário: 16h às 17h30
Dia 22- Orquestra e Coral do Solar Bela Vista.

Dia 23 - Grupo Infantil com alunos e professores do Solar Bela Vista.
Grupo Tom Brasil.

Dia 24 - Oficina de Choro do Solar Bela Vista/ Confraria do Choro de Natal


ESPAÇO DOS LIVROS


COOPERATIVA CULTURAL UNIVERSITÁRIA
Livraria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Lançamentos diários e sessão de autógrafos com os autores convidados
Lançamento do Prêmio Sesc de Literatura.


SEBO VERMELHO
Das 16h às 22h
Todos os dias
Vendas de livros e lançamento de “Poesias completas de Ferreira Itajubá", obra publicada originalmente em 1965. A reedição da editora Sebo Vermelho traz um estudo crítico do professor João Batista de Moraes Neto.


FLIPIPA EXPOSIÇÕES


TENDA SEBRAE
CERÂMICA IARAGUÁ
Dias 22, 23 e 24
HORÁRIO: Das 15h às 22h
 A tradição do trabalho manual com o barro de São Gonçalo do Amarante e a pesquisa etnográfica do artista plástico Flávio Freitas deram origem à Cerâmica Iaraguá (‘senhor do vale’ em tupi-guarani), coleção de objetos utilitários e decorativos lançados através do Sebrae-RN.

TOP 100 ARTESANATO
Exposição de peças em bordados da região do Seridó e peças premiadas nacionalmente com o top 100 do artesanato

TENDA SETHAS/RN
Seleção de trabalhos de artesãos cadastrados no Programa Estadual do Artesanato-PROART, coordenado pela Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e da Assistência Social-SETHAS


EXPOSIÇÃO: Narrativas Poéticas – Conviver no CCHLA –UFRN
Captar reservas poéticas do universo da ciência foi o desafio dessa exposição, que ancorada e em sintonia com a arte exibe fragmentos literários e fotográficos da produção artístico e literária de quatro professores da UFRN: Francisco Ivan, Ilza Matias, Humberto Hermenegildo e Angela Almeida.


FLIPIPA GASTRONÔMICA

Dias 22, 23 e 24
HORÁRIO: Das 10h às 22h
Local: Área Externa

ESPAÇO SESI COZINHA BRASIL
Espaço da Cozinha Brasil terá oficinas, degustações e apresentação de receitas voltadas para reaproveitamento de alimentos, incluindo o projeto regional Pro-Caju. O Programa foi desenvolvido pelo Conselho Nacional do Sesi em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e apoio de empresas da iniciativa pública e privada.


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PROGRAMAÇÃO OFICIAL - FLIPIPA 2012

Antônio Cícero participa da Mesa 2 "Modernismo e Modernidade em Carlos Drummond de Andrade"
Confira perfil dos participantes do Flipipa 2012

AUTORES E MESAS LITERÁRIAS

22/NOVEMBRO (5ª feira)


 17h00 — Orquestra do Solar Bela Vista
LOCAL: Área externa

17h30 —  Tenda dos autores

Mesa 1: PAINEL “O MODERNISMO NA POÉTICA DE CÂMARA CASCUDO”
Com Suely Costa (RN), José Luiz Ferreira (RN), Humberto Hermenegildo (RN) e Neroaldo Pontes (PB)


José Luiz Ferreira é professor de Literatura Brasileira na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte período de 2002 a 2012, atualmente é professor Adjunto da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em História do Modernismo Brasileiro, atuando principalmente nos seguintes temas: movimento literário, tradição literária e cultural, modernismo, regionalismo e modernidade literária com estudos sobre produção literária de Luís da Câmara Cascudo nos anos de 1920 e 1930.
Maria Suely da Costa é doutora em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFRN. É professora de Literatura e Teoria Literária (UEPB) e é colaboradora do Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-rio-grandenses, da UFRN. Publicou e organizou livros, além de ensaios e artigos para periódicos locais como a revista Brouhaha e o jornal O Galo. Entre as publicações próprias ou em colaboração, lançou “As Escravas Isauras”, reflexões sobre a intertextualidade e a representação do negro na obra clássica e nas adaptações para o cordel; “As Revistas como um lugar de Memória”, e “As repercussões da vida cultural no Rio Grande do Norte nos anos 1920.”
Humberto Hermenegildo É professor titular da UFRN. Atua como pesquisador no Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Rio-Grandenses e é consultor/parecerista das revistas Sociedade e Território (Natal) , Vivência (Natal) e Investigações (Recife). É especialista em Literatura brasileira, crítica literária, modernismo e registro literário, com ênfase no estudo da literatura local e regional. É mestre em Teoria e História Literária pela UNICAMP e doutor em Letras pela UFPB.
Nereoaldo Pontes de Azevedo é pernambucano, ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba e estudioso do modernismo no Nordeste. É filósofo de formação acadêmica, além de mestre em Letras pela Universidade de Toulouse, França e Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo.

 18h30 — Tenda Literária: Abertura oficial

  Mesa 2: “MODERNISMO E MODERNIDADE EM CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE”
Com: Antônio Cícero (RJ) e Carlos Braga (RN)

Antônio Cícero

Poeta, compositor, ensaísta e filósofo, Antônio Cícero nasceu em 1945, no Rio de Janeiro. Suas atividades se dividem entre o domínio da poesia e da filosofia. Na poesia, começou a escrever na adolescência, mas ficou conhecido primeiro como compositor. Teve poemas seus musicados pela irmã Marina Lima, iniciando uma rica parceria que renderia sucessos como “Fullgás” e “Pra começar”. A música marcou também outros encontros com Lulu Santos, João Bosco, Wally Salomão, Caetano Veloso (‘Grafitti”). A poesia escrita lançou Guardar (Record, 1996), A cidade e os livros (Record, 2002) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O livro de sombras: pintura, cinema e poesia (+ 2 Editora, 2010). Em colaboração com o poeta Eucanaã Ferraz, editou a Nova antologia poética de Vinícius de Moraes (Cia das Letras, 2003) e com o poeta Waly Salomão, editou o livro O relativismo enquanto visão do mundo (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994). Como pensador, publicou O mundo desde o fim (Francisco Alves, 1995) e Finalidades sem fim (Cia das Letras, 2005). Criou nos anos 90 o projeto “Banco Nacional de Idéias”, através do qual promoveu por três anos, em colaboração com o poeta Waly Salomão, ciclos de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial, entre eles João Cabral de Melo Neto, John Ashbery e Joan Brossa, dos compositores Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, do Romancista João Ubaldo Ribeiro, do antropólogo Hermano Viana, entre outros. Sobre Drummond, tema desta mesa, Cícero escreveu: “Evitando os fetiches da tradição e da vanguarda, Drummond criou uma obra inovadora que dialoga com formas clássicas.”
Carlos Braga é natural de Natal. Professor de literatura francesa na UFRN, graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É mestre em literatura brasileira pela UFPB, com dissertação sobre o Hermilo Borba Filho, e doutor em literatura francesa pela Sorbonne, com tese sobre Gustave Flaubert.

19h30 — Tenda Literária

Mesa 3: “JORNALISMO, CULTURA E SOCIEDADE: NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA”
Com: Joyce Pascowitch (SP), Tácito Costa (RN) e  Eliana Lima (RN)

Joyce Pascowich

Eliana Lima
Tácito Costa


Joyce Pascowitch nasceu em São Paulo em 1959. Jornalista e editora de publicações como as revistas Joyce Pascowitch, Poder, Moda e Modo de Vida, além do website Glamurama, atua desde o fim dos anos 1980 no mercado editorial. A partir de 1986 e por 14 anos seguintes assinou a coluna social da Folha de S. Paulo, no prestigiado caderno Ilustrada. É tida como a figura que renovou o colunismo paulistano. Na Editora Globo, foi colunista da revista Época e diretora de redação da Quem. Também foi comentarista do GloboNews por oito anos. É autora de três livros: Fotossíntese: 13 anos de coluna (Publifolha), Avental (Publifolha) e De Alma Leve – Sutilezas do Cotidiano (ed Globo).

Tácito Costa é jornalista formado pela UFRN. Trabalhou nos jornais Tribuna do Norte, Dois Pontos, Jornal de Natal, Diário do Estado e na TV Potengi. Foi professor de Jornalismo da Universidade Potiguar, Assessor de Imprensa da Fundação José Augusto e editor da revista PREÁ. Coordenou a edição do livro Memórias da Indústria Gráfica do Rio Grande do Norte. Atualmente trabalha como Assessor de Imprensa na área empresarial e edita há cinco anos o blog de jornalismo cultural Substantivo Plural – www.substantivoplural.com.br

Completa o bate-papo a jornalista e colunista Eliana Lima, profissional do jornalismo potiguar, escreve há mais de 15 anos em veículos impressos (Dois Pontos, Jornal de Hoje e Tribuna do Norte). Atualmente  assina a coluna homônima no jornal Tribuna do Norte e o blog da Abelhinha, com temas que variam entre cotidiano, sociedade, política e cultura.


20h30 — Tenda Literária

Mesa 4: “FICÇÃO E MEMÓRIA”
Com: Zuenir Ventura (MG) e Woden Madruga (RN)
Zuenir Ventura

Woden Madruga

Zuenir Ventura nasceu em 1931 em Além Paraíba, Minas Gerais. Formado em letras neolatinas, é professor universitário e jornalista há quase quarenta anos. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país, como os jornais O Globo e Jornal do Brasil e as revistas Visão, Fatos & Fotos, Veja e Época. Atualmente é cronista da revista Época e do jornal O Globo. É autor de obras fundamentais do jornalismo literário brasileiro, como “1968 - O ano que não terminou...”, com o qual recebeu o prêmio Jabuti (categoria reportagem). Por Cidade partida (1994), um retrato das causas da violência no Rio, venceu o Prêmio Jabuti na mesma categoria. Em 2008, lançou “1968, o que fizemos de nós”, que retoma seu primeiro best-seller. Também escreveu o livro-reportagem Chico Mendes, crime e castigo (2003), entre outros títulos. A mistura de ficção e realidade, romance e reportagem, imaginação e memória forma o combustível da sua mais recente obra, “Sagrada Família” (Alfaguarra), um dos assuntos deste debate. Sobre o livro, Zuenir declarou: “Este livro é uma mistura de memórias: as minhas, as dos outros e as inventadas”.

Jornalista em atividade há mais de 40 anos, Woden Madruga é considerado um dos grandes nomes da crônica jornalística do Rio Grande do Norte. Intelectual e leitor voraz, desde os anos 1960 escreve diariamente na página 2 do jornal Tribuna do Norte sobre literatura, memórias, cotidiano e política. Foi presidente da Fundação José Augusto por três vezes e professor do curso de Comunicação Social da UFRN.


23NOV (6ª feira)

17h - Coral do Solar Bela Vista

17h30 — Tenda Literária

Mesa 5: “ITAJUBÁ E O EXÍLIO”
Com: Mayara Costa Pinheiro (RN) e Lívio Oliveira (RN)

Lívio Oliveira
Mayara Costa Pinheiro


No centenário de morte de um dos mais ilustres poetas norte-rio-grandenses, ressurge um tema que permeia a sua escrita poética: o exílio. Poeta romântico, Itajubá (1877-1912) produziu e publicou sua obra por volta das duas últimas décadas do século 19 e das duas primeiras do século 20, em diversos periódicos da capital. O exílio é percebido no desejo de emigrar, expresso em alguns poemas da obra “Harmonias do Norte (1927)”, passando pela concretização do exílio em “Terra Natal” (1914) e o retorno do eu-lírico exilado em alguns poemas de “Dispersos” (2009).

Mayara Costa é natural de Currais Novos-RN. Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literatura pela UFRN, há alguns anos realiza pesquisas sobre a vida e obra de Ferreira Itajubá. Dessas pesquisas resultaram em 2009 na publicação da antologia “Dispersos: poemas e prosas”, organizada conjuntamente com o professor Humberto Hermenegildo de Araújo. Em 2012, defendeu sua dissertação de mestrado intitulada: “Terra Natal, de Ferreira Itajubá, e a permanência do Romantismo”, pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem/UFRN, e obteve o título de Mestre em Literatura Comparada. Atualmente é Professora de Literatura de Brasileira e Portuguesa da UFRN e colaboradora da “Especialização em Literatura e Ensino” do IFRN. Sobre o tema, explicou: “Vamos mostrar que o exílio é um tema recorrente no Romantismo Brasileiro e a presença dele estabelece um diálogo entre a obra de Ferreira Itajubá com a de Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu, dois importantes poetas românticos.”

Lívio Oliveira é escritor e poeta. Publicou quatro livros de poesia, “O Colecionador de Horas” (2002); “Telha Crua” (2005); “Pena Mínima” (2007); “Dança em Seda Nua” (2009). Publicou um livro de ensaios “Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte“ e o CD “Cineclube”, com o músico Babal Galvão. Em 2004 foi premiado em primeiro lugar nos dois concursos de poesia mais concorridos no Estado: Othoniel Menezes (Funcarte) e Prêmio Luís Carlos Guimarães (Fundação José Augusto).  Presidiu a União Brasileira de Escritores do RN. É articulista de jornais e sites/blogs. Tem contribuído ativamente com a cena e o debate culturais no RN.

18h30 — Tenda Literária

Mesa 6: FICÇÃO, UM EXPERIMENTO LITERÁRIO
Com: Tatiana Salem Levy (Portugal), João Paulo Cuenca (RJ) e Carmen Vasconcelos (RN)
Tatiana Salem Levy

João Paulo Cuenca

Carmem Vasconcelos

Tatiana Salem Levy nasceu em Portugal, em 1979 por pura obra do destino. Descendente de judeus turcos, filha de comunistas brasileiros, veio ao mundo durante a Ditadura Militar, quando a família estava exilada em Portugal. Ainda bebê chega ao Brasil com sua família, beneficiados pela Lei da Anistia. Lançou ‘A experiência do fora’ (Relume Dumará, 2006) resultado da dissertação de mestrado a partir do pensamento dos franceses Blanchot, Foucault e Deleuze. Chegou a morar na França e nos EUA no período do Doutorado, concluído na Puc-SP. A estreia no romance foi com ‘A Chave de Casa’ (2007) que traz elementos autobiográficos. Nele, reconstrói as origens de sua família através de uma narrativa que combina elementos ficcionais e memórias. Venceu o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Estreante e foi finalista do Jabuti de 2008. Desde então, tem se firmado como uma das mais importantes escritoras da literatura contemporânea no Brasil. Tem contos publicados nas coletâneas Paralelos (2004) e em 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (2005). Em 2010, organizou a coletânea de contos Primos (Record), com histórias escritas por autores brasileiros descendentes de árabes e de judeus. Lançou este ano o romance Dois Rios (Record) e foi selecionada como um dos 20 melhores jovens escritores da revista britânica Granta.
João Paulo Cuenca nasceu em 1978 no Rio de Janeiro. É formado em economia, mas começou sua trajetória literária no Folhetim Bizarro (1999-2001), um blog de diálogos na internet. Ao mesmo tempo, começou a escrever o seu primeiro romance ‘Corpo Presente’ (Planeta, 2003). Lançou também ‘O dia Mastroianni’ (Agir, 2007) e  ‘O único final feliz para uma história de amor é um acidente’ (Companhia das Letras, 2010), com edições na Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. Participou das antologias ‘Prosas Cariocas’, Rio de Janeiro (Casa da Palavra, 2004), ‘Cem melhores crônicas brasileiras’ (Objetiva, 2007), entre outras. Em 2012 publicou o livro de crônicas A Última Madrugada (Leya). Assinando como J.P. Cuenca escreveu crônicas semanais para a Tribuna da Imprensa e Jornal do Brasil. Teve uma coluna mensal na Revista TPM entre 2004 e 2006. Foi cronista do suplemento Megazine de O Globo. Também foi selecionado em 2012 como um dos 20 melhores jovens escritores da revista britânica Granta.
A poetisa Carmen Vasconcelos nasceu em Angicos, no Rio Grande do Norte, em  1965. É formada em Serviço Social e Direito, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Estreou na poesia com o livro Chuva ácida (Fundação José Augusto, 2000) que lhe rendeu críticas elogiosas. Na sequência vieram “Destempo” (Fundação José Augusto, 2002) e Caos no Corpo (Editora Ideia, 2010).  Escreve regularmente em sites literários, como o Substantivo Plural, e na versão impressa do jornal Tribuna do Norte. Também publica seus poemas em jornais e revistas literárias do Nordeste.


19h30 — Tenda Literária

Mesa 7:   À MARGEM, NA LITERATURA BRASILEIRA
Com: Reinaldo Moraes (SP) e Mario Ivo Cavalcanti (RN)
Reinaldo Moraes
Mario Ivo Cavalcanti

A titulação desta mesa é por si só uma provocação, já que o escritor Reinaldo Moraes considera a sua fama de autor marginal — ou beatnik, como dizem alguns — uma “baboseira”. Espécie de estranho no ninho da literatura brasileira, cultuado por obras como “Tanto Faz” (1983) e “Abacaxi” (1985), o escritor paulista, nascido em 1950, passou duas décadas sem lançar um romance. Reapareceu em 2009 com o aclamado Pornopopéia (Objetiva), romance cujo personagem, um cineasta marginal, apronta as maiores barbaridades e se envolve com todo tipo figuras da fauna noturna. De linguagem solta, o livro retrata uma figura cheia de deboche como um Sargento de Milícias de nossos tempos. Reinaldo Moraes também escreveu roteiros para TV. Ao lado de Mário Prata e Dagomir Marquezi, co-escreveu a novela Helena, exibida em 1987 pela Rede Manchete e livremente adaptada da obra de Machado de Assis. Lançou ainda Órbitas dos caracóis (2003), um romance para jovens, Umidade (2005), uma antologia de contos, além de Barata - Ilustrações Luli Penna, 2007.
Mário Ivo Dantas Cavalcanti é jornalista há 23 anos. Trabalhou na revista semanal “Extra”, publicação do jornal “Il Manifesto”, em Roma Itália, na década de 1990. Entre 2007 e 2009, manteve uma coluna diária no “JH 1ª edição”. É editor da revista “Preá”, da Fundação José Augusto, desde 2011. Como escritor lançou “Cartas náuticas” (Editora Flor do Sal, 2008), um romance epistolar no qual um remetente desconhecido, M, envia cartas de amor a uma pessoa também sem nome, da qual não conhecemos as respostas enviadas. Tem trabalhos premiados nas áreas de publicidade, vídeo e literatura, inclusive internacionais.

20h30 — Tenda Literária

Mesa 8:   “NARRATIVAS DE AMOR E ARTE”
Com: Sérgio Sant’Anna (RJ) e Rafael Gallo

Sérgio Sant'Anna




Rafael Gallo

Dono de uma narrativa sofisticada, Sérgio Sant’anna (Rio de Janeiro em 1941)  estreou na literatura em 1969, com O Sobrevivente. Lançou 16 livros, entre contos, novelas, poesia, romances e uma peça teatral. Teve obras traduzidas para o alemão e o italiano e adaptadas para o cinema. Sua obra é notória pelo caráter experimental, abordando temas urbanos de formas diferentes, algumas transgressivas. Um de seus célebres romances, As Confissões de Ralfo, (1975), conta a história de um escritor que decide escrever uma "autobiografia imaginária", narrando vários fatos extraordinários numa sucessão inverossímil. O livro satiriza estilos consagrados: o diário de bordo, o filme de ação, o discurso utópico e, até mesmo, no auge da ditadura militar brasileira, os relatos de tortura. Recebeu cinco prêmios Jabuti. Um Crime Delicado, de 1998, lhe valeu um desses prêmios. O mais recente “Jabuti” foi pelos contos de ‘O voo da madrugada’ (2003), que recebeu também o prêmio APCA e o segundo lugar no prêmio Portugal Telecom. É reconhecido como um dos melhores contistas brasileiros. Entre seus muitos contos notáveis está “A Senhorita Simpson”, que inspirou Bruno Barreto a fazer o filme “Bossa Nova”. Publicou também O Monstro (Companhia das Letras) Breve História do Espírito (Companhia das Letras) A Senhorita Simpson (Companhia das Letras) O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro (Ática) Confissões de Ralfo (Relume-Dumará) e O livro de Praga - Narrativas de amor e arte (contos, 2011).


Rafael Gallo é paulista, tem 30 anos, é escritor, autor do livro de contos "Réveillon e outros dias", vencedor do Prêmio SESC de Literatura 2011/2012. Também é compositor, sound designer e professor universitário nas áreas de trilha sonora e produção musical. No livro premiado, o autor oferece ao leitor uma jornada através das mais diversas experiências humanas, nas quais as relações do homem com seus semelhantes e seu ambiente são percebidas sob um olhar crítico e desmistificador.



24/NOVEMBRO, SÁBADO

15h — CAMINHADA LITERÁRIA - Baía dos Golfinhos até SPA da Alma (3km) Caminhada organizada por Fernanda Bauernan e Ana Brito com participação da comunidade, escritores, aberta a interessados. Leituras e oralizações durante o percurso.

16h30 — Encenação de SUA INCELENÇA, RICARDO IIII (Direção Gabriel Vilela/ Clowns de Shakespeare)

LOCAL: Área externa

 17h00 — Sarau musical.Confraria do Choro de Natal e Oficina do choro Solar Bela Vista

LOCAL: Área externa

17h30 – Tenda Literária

MESA 9: “LUIZ GONZAGA: UMA POÉTICA MUSICAL”.
Com Bené Fonteles (PA), Paulo Vanderley (PE) e Marcos Lopes (RN)
Bené Fonteles
Marcos Lopes (foto: Tribuna do Norte)

Bené Fonteles é artista plástico, músico, escritor, jornalista. Nasceu em Bragança-PA, em 1953. É um ser em ebulição constante, como costumam defini-lo. Iniciou sua carreira na década de 1970, dedicando-se inteiramente à arte conceitual. Já seu trabalho como compositor está reunido no CD Benditos, lançado em 2003, que agrupa três trabalhos anteriores, Bendito (1983), Silencioso (1989) e Aê (1991). Tem parcerias com Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Egberto Gismonti e Tetê Espíndola, entre outros. No centenário do “Velho Lua”, organizou uma das obras mais importantes para se compreender o legado e a vida de Gonzagão. “O Rei e o Baião” exemplifica em detalhes porque esse homem simples tornou-se um Rei. Com apresentação de Gilberto Gil, é um trabalho magnífico de pesquisa, ilustrado com imagens inéditas, além de textos com o viés poético do autor. Traz ensaios de Antônio Risério, Elba Ramalho, Gilmar de Carvalho, Sulamita Vieira, Hermano Vianna e do próprio Bené Fonteles, que contribui ainda com um depoimento sobre sua relação com a obra de Luiz Gonzaga, além de introdução de Juca Ferreira e apresentação de Gilberto Gil. Ensaios estes ancorados nas obras de autores como Euclydes da Cunha, Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Câmara Cascudo, Darcy Ribeiro e Ariano Suassuna.
Pesquisador e colecionador, Paulo Vanderley Tomaz (PE) mantém a página virtual mais completa sobre Luiz Gonzaga (luizluagonzaga.com.br), recheada de vídeos raros, fotos, biografia, discografia e notícias atualizadas relacionadas ao compositor de Asa Branca. Em sua garimpagem por sebos e casas de colecionadores, reuniu mais de 600 músicas, toda a discografia de Luiz Gonzaga, desde os discos de 78 rotações até os LPs. Desde a primeira gravação de Luiz Gonzaga tocando acordeon no disco de 1942 de Genésio Arruda, até seu LP Aquarela Nordestina, de 1989, seu último, antes de falecer no dia 2 de agosto daquele ano. Há ainda 200 fotos do Rei do Baião e mais outros tantos vídeos, alguns feitos pelo pai de Paulo. Fervoroso defensor da cultura nordestina, costuma dar palestras pelo Brasil, em defesa da preservação da cultura.
Marcos Lopes é pesquisador e músico. É o idealizador do Forró da Lua, evento que acontece em sua fazenda na Lagoa do Bonfim, onde só recebe artistas que tem uma carreira ligada ao forró de raiz. Já passaram por lá de Dominguinhos a Elba Ramalho, passando por grandes nomes como Chiquinha Gonzaga, Marinês e Flávio José. Lopes também criou o Museu do Vaqueiro, de preservação dos costumes do homem da caatinga, sua história e tradições. O Museu tem um braço social e promove cursos de artesanato com couro (souvenirs e produtos utilitários) e de acordeon.

18h30 — Tenda Literária
Mesa 10: “A DRAMATURGIA NO UNIVERSO DE JORGE AMADO”
Com: Nelson Xavier (SP), Vicente Serejo (RN) e Henrique Fontes (RN)
Nelson Xavier

Vicente Serejo

Henrique Fontes

Ele já atuou em mais de 50 filmes e 23 novelas. Protagonizou trinta personagens entre novelas e séries para televisão, boa parte delas adaptações de obras literárias. De Coronel Altino Brandão a Pedro Arcanjo, Nelson Xavier (natural de São Paulo, 1941 mergulhou no universo de Jorge Amado em vários momentos de sua carreira. Esteve em Tenda dos Milagres, Dona Flor e Seus Dois Maridos (direção de Murilo Sales/1976), o filme Gabriela em 1983 (direção de Bruno Barreto), e novamente Gabriela, desta vez para a televisão (direção de Mauro Mendonça Filho).  Atuou em Seara Vermelha e A Dama do Lotação. Fez Lua Cambará, adaptado de obra de Ronaldo Correia de Brito, e O Bom Burguês, dirigido por Oswaldo Caldeira. Entre as minisséries, destaque para Riacho Doce, adaptação de obra de José Lins do Rêgo. No Teatro, encenou Toda Nudez Será Castigada, peça de Nelson Rodrigues. Atuou em obras premiadas como Os Fuzis (Urso de Prata em Berlim) e o histórico Lamarca. Em 2010 ganhou maior destaque no cinema nacional ao participar da biografia do medium Chico Xavier onde fazia o papel principal.

Reconhecido como um dos grandes cronistas do jornalismo potiguar, Vicente Serejo nasceu na cidade de Macau, em 1951. Formou-se em Jornalismo pela UFRN e foi professor do curso de Comunicação Social. No Diário de Natal foi repórter e, nos anos 1970, estreou a coluna “Cena Urbana”, de publicação diária, onde escrevia crônicas. Algumas foram reunidas em seu primeiro livro “Cena Urbana” (Editora da UFRN, 1982). Em 1984, transformou um veraneio na praia da Redinha em fonte de inspiração para escrever uma série de cartas endereçadas ao ‘Sr Editor’. Em narrativas de alto teor lírico, redescobre suas tradições, costumes, resgatando tipos humanos e acontecimentos do cotidiano. Trabalhou no jornal A Gazeta do Oeste. Nos anos 90 estreou como colunista do Jornal de Hoje, onde mantém até hoje a coluna “Cena Urbana”. Publicou também “Canção da Noite Lilás – Crônicas” (Lidador, 2000).

Henrique Fontes é ator, diretor e dramaturgo. Como ator esteve em mais de 30 produções, com passagem pelo Grupo Clowns de Shakespeare (oito anos); Grupo Beira de Teatro (cinco anos); Maine Masque (Maine - EUA - 1 ano); além de produções independentes em Natal e no estado de Minnesota (EUA). Atualmente é integrante dos coletivos Atores à Deriva e Carmin. Como diretor tem dez trabalhos estreados, entre eles duas produções de médio porte (40 profissionais envolvidos em cada) e duas de grande porte (200 profissionais). Como dramaturgo tem oito textos escritos e montados, entre eles a adaptação de “Recomendações a Todos”, livro do escritor Alex Nascimento lançado na década de 80. É sócio-fundador e atual diretor artístico do Espaço Cultural Casa da Ribeira.

19h30 — Tenda Literária

Mesa 11 : “ROMANCE, HISTÓRIA E POESIA”
Com Ana Miranda (CE) e Napoleão Paiva Souza (RN)
Ana Miranda

Napoleão Paiva

A escritora e romancista Ana Miranda nasceu no Ceará, em 1951. Morou em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Estreou como romancista em 1989, com Boca do Inferno (prêmio Jabuti de revelação). De lá para cá escreveu diversos romances, entre eles Desmundo (1996), Amrik (1997) e Dias & Dias (2002, prêmio Jabuti de romance e prêmio da Academia Brasileira de Letras). Colabora com a revista Caros Amigos, é colunista do Correio Braziliense e do jornal O Povo, do Ceará, onde vive atualmente. Dotada de um brasilianismo intenso, Ana Miranda realiza um trabalho de redescoberta e valorização do nosso tesouro literário, que a leva a dialogar com obras e autores de nossa literatura, numa época em que as culturas delicadas são ameaçadas pela força de uma cultura universal. Fundada em séria e vasta pesquisa, recria épocas e situações que se referem à história literária brasileira, mas, primordialmente, dá vida a linguagens perdidas no tempo. Sua obra tem sido matéria de estudos na área acadêmica. Ana Miranda consagrou-se igualmente pela inclusão de seu Boca do Inferno (Cia das Letras, 1989) no cânon dos cem maiores romances em língua portuguesa do século 20, elaborado por estudiosos da literatura, brasileiros e portugueses. Lançou também A última quimera (1995) Yuxin (2009).
Napoleão de Paiva Souza é médico, compositor e poeta; natural de Alexandria-RN. Lançou em 1999 o livro de poesia “Apenas Chegaram” e, em 2006, um conjunto de “petardos” poéticos: Depois Contigo, com mensagens de texto em livro experimental, digitáveis em aparelho celular, usando em todos os textos o exíguo formato de 160 toques-caracteres, para falar do cotidiano, amor, sexo, humor, poesia.


20h30 — Tenda Literária  

Mesa 12 : ‘LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO POR ELE MESMO’
Com: Luís Fernando Veríssimo (RS) e Cassiano Arruda Câmara (RN)
Luís Fernando Veríssimo

Cassiano Arruda Câmara

Luís Fernando Verissimo é um dos mais respeitados cronistas brasileiros, autor de best-sellers inesquecíveis, como Comédias da Vida Privada e Clube dos Anjos, da coleção Plenos Pecados. Filho de Érico Veríssimo, nasceu em Porto Alegre, em 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6.  É jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor. Sua obra está presente na iniciação literária de muitos leitores, com publicações fundamentais como a série Para Gostar de ler e Pai Não entende nada. Para adultos, são famosas também O Analista de Bagé e Ed Mort e outras histórias, que narra as aventuras de um detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem um tostão no bolso. O personagem ganhou adaptações para o quadrinho e cinema. Em 1989, começou a escrever uma página dominical para o jornal O Estado de São Paulo, mantida até hoje, e para a qual criou o grupo de personagens da Família Brasil. Como romancista, lançou Borges e Os Orangotangos Eternos, O Jardim do Diabo, O Opositor.

Cassiano Arruda Câmara é jornalista e publicitário, titular da coluna Roda Viva há mais de 30 anos, publicada por muitos anos no Diário de Natal e mais recente no Novo Jornal, veículo do qual é fundador. Foi também diretor da Tribuna do Norte nos anos 1960. Escreveu dois livros de memórias: Repórter na Roda Viva, sobre sua vida de redator, e Hotel de Trânsito, que contextualiza a Natal de 1969, o jornalismo da província no período da Ditadura e sua prisão no hotel de trânsito da Aeronáutica. Foi professor do Departamento de Comunicação Social da UFRN.

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Ana Miranda e seu estilo de escrever romances históricos

Escritora Ana Miranda estará na segunda noite do Flipipa

Confira entrevista com a romancista Ana Miranda, feita pelo crítico e escritor Carlos de Souza, que escreve a coluna Toque-Livros e Cultura no jornal Tribuna do Norte. Pela primeira vez em Natal, no Festival Literário da Pipa, a escritora, nascida no Ceará, revela seu estilo peculiar de escrever romances históricos e autografa Yuxin na mesa literária do Flipipa

Carlos de Souza – jornalista

Para conhecer um pouco sobre a escritora Ana Miranda, que vai participar este ano do 4º Festival Literário de Pipa, recomendo a leitura do site www.anamirandaliteratura.com.br do qual retirei este trecho: "Voltada para a linguagem, dotada de um brasilianismo intenso, Ana Miranda realiza um trabalho de redescoberta e valorização do nosso tesouro literário, que a leva a dialogar com obras e autores de nossa literatura, numa época em que as culturas delicadas são ameaçadas pela força de uma cultura universal. Fundada em séria e vasta pesquisa, recria épocas e situações que se referem à história literária brasileira, mas, primordialmente, dá vida a linguagens perdidas no tempo. Sua obra tem sido matéria de estudos na área acadêmica, recebendo teses e monografias, geralmente ligadas a questões de literatura & história, barroco brasileiro, romantismo, pós-modernidade". Cinquenta anos depois de viver longe de sua terra, está de volta ao Ceará: "Morei no Rio a maior parte de minha vida, e poucos anos em São Paulo. Há muitos nordestinos em São Paulo, eles fazem parte da cidade, alguns são pensadores, alguns são artistas, escritores... Mas é difícil, para quem não é nordestino, entender o Nordeste, assim como é difícil para o nordestino que não vive por lá entender São Paulo". Nesta entrevista, ela comenta sua obra:
adriana vichi


Você estourou no cenário da literatura brasileira com Boca do Inferno, um livro repleto de poesia. Mas começou com Anjos e Demônios, um livro de poesia. Qual é mesmo a sua praia, o romance histórico ou a poesia?

Ana Miranda: Sou romancista, considero a minha obra os romances que escrevi, e os demais, uma obra paralela. Mas a minha primeira experiência, quando criança, foi a poesia, e a poesia está viva dentro dos meus romances, seja pela presença de personagens poetas, seja pela própria estrutura da linguagem.

Boca do Inferno vendeu mais de 40 mil exemplares na época do lançamento e continua vendendo bem, a qual motivo você credita tanto sucesso?

A aceitação de um livro é sempre um mistério. Normalmente é resultado de uma combinação de elementos e fatores. Escrevi o Boca do Inferno durante cerca de dez anos, e ele deve ter a força desse sacrifício, assim como a liberdade de alguém que não escrevia para a publicação, mas apenas por um ímpeto apaixonado. A presença de Gregório de Matos e padre Vieira é um elemento fascinante, e a obra desses dois monumentos de nossa literatura elevou a linguagem e a qualidade do romance. Isso deve ter ajudado. Também o fato de cumprir um comportamento clássico na construção do romance, tão conhecido como aceito pelos leitores. Também o fato de se passar na Bahia, estado tão brava, alegre e dignamente cantado por seus filhos, sejam músicos ou escritores ou artistas plásticos. A Bahia tem um encanto e um mistério que representam muito do Brasil, talvez porque tenha sido local onde o Brasil começou a se formar.

Você foi criticada na época. Parece que alguns críticos não entenderam muito bem o que você estava fazendo. A crítica lhe incomoda?

Recordo-me apenas de uma crítica enviada aos jornais por um professor universitário, reclamando do uso da obra do padre Vieira sem uso de aspas ou asteriscos, citação de fontes, notas de rodapé, etc., ele na verdade pretendia que meu livro, e apenas o meu, se comportasse como uma monografia acadêmica. Desprezou, aí, toda a história da literatura, que nasce da literatura, e que todo autor é devedor dos seus antecessores. Que as fontes de um romancista são infinitas, compondo-se de introjeção dos sentidos. Sofri muito com a publicação dessa crítica equivocada, estou segura do que escrevo, prefiro que não falem nada ou que, ao falarem, se informem bem dos aspectos que meus livros carregam. Uma crítica bem informada costuma ter interesses nobres. Mas me consola saber que a incompreensão tem sido uma virtude, na história da literatura. Normalmente assinala algo novo.

Seu segundo livro é O Retrato do Rei, agora você leva o leitor para Minas Gerais do século 18. Mas não repetiu o sucesso do livro anterior. O que houve?

Não sei. Talvez o livro não seja tão bom quanto o primeiro. Escrevi-o em apenas três anos, pressionada pelo desafio de saber da existência de leitores, e durante muitos anos fiz edições revistas, melhoradas. Mesmo assim, teve uma aceitação elevada. É o romance predileto de meu filho, isso conta mais do que tudo, para mim.

Já Sem Pecado é literatura infanto-juvenil. Como foi esse desafio de escrever para jovens?

O livro tem um tom juvenil, apenas porque conta a história de uma adolescente, que foge da casa dos pais. O desafio foi bem menos expressivo do que escrever romances de cunho histórico, pois prescindia da pesquisa e do transporte a outro tempo, não tinha também a responsabilidade da recriação de algum personagem real, o que sempre foi para mim um processo repleto de dilemas éticos e literários. Não considero Sem Pecado parte da minha obra principal, nem mesmo permito que seja reeditado, e me divirto com a lembrança do comentário da Rachel de Queiroz, dizendo que era o meu melhor livro. Não sei se ela estava elogiando este, ou arrasando com os outros.

Aí você voltou ao universo da poesia, agora de Augusto dos Anjos, com seu livro A Última Quimera. Como foi isso para você e a recepção do público?

Adorei escrever sobre Augusto, ele é fenomenal, e a sua biografia é muito representativa do sofrimento e da incompreensão humana. O livro representou para mim um crescimento, pois tem uma estrutura mais solta, é narrado na primeira pessoa, mas em termos de número de leitores, vem me trazendo numa linha em declínio: uma escritora que, quanto mais se aproxima de uma literatura pura, voltada para a linguagem, menos é lida. Não importa. Meus romances refletem meu movimento interior e registram quem eu sou. Não consigo ser diferente. Não consigo perseguir o formato de algo que teve aceitação. Não é isso o que orienta o meu trabalho. Procuro ficar sempre indiferente às imposições do mercado de livros, e atenta a minhas necessidades interiores.

Em seguida você mergulhou no denso universo de Clarice Lispector, com a novela Clarice. Você quis facilitar a vida dos leitores dela ou gerar mais perguntas?

Quis apenas registrar a relação entre duas escritoras, que se processou por meio da leitura do que Clarice escreveu. Foi o meu único trabalho de encomenda, era uma coleção de escritores escrevendo sobre escritores que viveram no Rio. O problema é que Clarice nunca viveu no Rio e nem em cidade nenhuma, ela era de outras esferas da existência. Um resenhista disse que parece a biografia de uma alma. O Fernando Sabino disse que o livro não tinha nada a ver com a Clarice, que ele conheceu: "Você é boba, Ana, troca o nome de Clarice por Maria e o livro é teu". Amei conviver com a Clarice. Ela foi corajosa, ousada, e jamais deixou de ser ela mesma, nem mesmo quando foi pressionada para isso. Ajudou-me muito a me libertar, no romance que escrevi em seguida, o Desmundo.

Seu romance seguinte Desmundo, foi novamente um grande sucesso que foi parar no cinema. Como foi essa experiência para você?

Na verdade o Desmundo foi o meu livro menos lido entre todos, é um livro estranho, recriando uma linguagem arcaica, até que foi feito o filme, um filme lindo, que deu um impulso na ampliação de leitores. No começo eram pouquíssimos leitores, mas alguns apaixonados pelo livro. Considero um marco no meu processo de aprendizagem da escrita de ficção. Desliguei-me de toda a estruturação clássica, de todas as imposições técnicas de construção do romance histórico, deixei a poesia invadir a linguagem, e a linguagem tornou-se quase a figura central do romance. Até meus desenhos passaram a fazer parte dos romances.

Voltou ao romance histórico com Amrik, contando uma história de amor na São Paulo do século 19. Ao mesmo tempo, começou a escrever crônicas para a revista Caros Amigos. Como foi conciliar as atividades?

Existe a crença, entre escritores, de que o jornalismo "torna a pena rombuda", acho que uma expressão do Hemingway. E sempre me recusei a escrever em jornais e revistas. Quando um amigo me convidou para escrever na Caros Amigos aceitei, achando que a revista não passaria de dois ou três números, o que é muito comum. Fiquei uns vinte anos escrevendo na revista, e foi um "equívoco" afortunado, pois acabei aprendendo a trabalhar com um novo modo de prosa, a crônica, e com ela me comunico com meu próprio cotidiano, com minhas memórias e comigo mesma.

Com o romance Dias & Dias você parece ter voltado ao projeto inicial de romance histórico entrelaçado com poesia. Desta vez sobre o poeta Gonçalves Dias. Pode explicar isso para nós?

Ana Miranda: Em Amrik eu cheguei às raias do meu texto experimental, e como se tratava de uma linguagem inspirada em literaturas árabes, recriada por uma dançarina, o meu romance atinge um extremo de volutas, sinuosidades, sonoridades, devaneios. Estranhamente, passou a ser o meu segundo livro mais vendido, atrás somente do Boca do Inferno, já que você estabeleceu esse parâmetro de aceitação. Acho que porque tem "muito sexo" como disse uma senhora leitora. Eu estava em busca de uma simplificação na linguagem, para não afundar de vez no exotismo linguístico. Era uma necessidade interior. E a ideia, muito antiga, de trabalhar com a obra de Gonçalves Dias se encaixou perfeitamente nessa minha necessidade. Dias & Dias é um livro de linguagem singela, romântica, idílica, como a própria obra de Dias e o romantismo brasileiro. "Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá", nada mais puro e encantador, nada mais singelo e ao mesmo tempo repleto de significados poéticos. E trabalha com o tema do exílio, que estava florescendo em mim, pois à medida que eu me aprofundava no meu quebra-cabeças eu me sentia mais incomodada com a região obscura de minhas origens. Pela primeira vez a minha literatura pisa no Ceará, onde nasci e que não conhecia, pois saí de Fortaleza aos cinco anos de idade. É o meu livro mais bem-comportado e, talvez por isso mesmo, o mais premiado. Junto com o Boca do Inferno, é o mais adotado em escolas, para a compreensão do barroco, no caso do Boca, e do romantismo, no caso de Dias & Dias. Eu tive esta sorte, de haver um interesse extraliterário em alguns de meus livros.

Seu último romance, Yuxin, Alma é  dedicado à floresta e traz um CD de Marlui Miranda. Seria um primeiro passo para a convivência do livro com novas mídias?

Foi um passo de aproximação com a minha irmã, Marlui Miranda, que trabalha magnificamente com a música indígena e sempre trouxe para dentro de minha vida a presença dos índios. Era também uma ideia antiga escrever um livro narrado por uma indígena, e quando passei um tempo morando na propriedade da Marlui, dentro de uma mata, ouvindo suas interpretações e composições, assistindo a seus filmes, vendo-a partir e voltar de viagens a tribos distantes, vendo raios de sol atravessando a floresta, e passarinhos, lagartos, veados, o romance tomou força dentro de mim. Tem relação com a minha especulação sobre minhas origens, porque o Ceará é um estado de alma indígena, assim como o Rio Grande do Norte, e o Acre, onde se passa o romance, era quase uma região cearense, com a presença dos soldados da borracha, na maioria sertanejos fugidos das adversidades do Ceará. E quem me deu a chave deste livro foi um grande cearense, o Capistrano de Abreu, com seu vocabulário kaxinauá.

Depois você parece ter se dedicado totalmente à literatura infantil. É um sintoma da passagem do tempo, suas novas vivências afetivas?
Não totalmente, os livros infantis têm relação com o nascimento de meus netos, e com o fato de que eu compro muitos livros para eles, e para não lhes dar algo sem qualidade, leio os livros antes de comprá-los. Essa leitura instalou dentro de mim a presença da literatura infantil, que acabou se realizando em livrinhos, dedicados a eles e a outras crianças de minha vida. Uma brincadeira à parte.

Você é uma cearense que morou em São Paulo. Você acha que o Brasil do Centro-Sul entende o Brasil do Norte-Nordeste?
Morei no Rio a maior parte de minha vida, e poucos anos em São Paulo. Há muitos nordestinos em São Paulo, eles fazem parte da cidade, alguns são pensadores, alguns são artistas, escritores... Mas é difícil, para quem não é nordestino, entender o Nordeste, assim como é difícil para o nordestino que não vive por lá entender São Paulo. Quando saí do Rio para São Paulo, cidades próximas e metropolitanas, pensei que estava em outro país. Você só compreende se estiver ali, seja em pessoa, seja através de um estudo dedicado.

Você se interessa por política? Como você  vê o Brasil de hoje?

A minha melhor participação política é estar sempre do lado do mais fraco. Cotas, microcrédito, bolsa família, tudo isso eu aprovo. Tudo o que possa abrandar as desigualdades sociais. O Brasil está afundando cada vez mais num abismo social, de um lado um país riquíssimo e avançado, e de outro, miserável e abandonado. Mas as periferias urbanas estão invadindo, com sua cultura, a música, o cinema, o teatro, a televisão, a dança, a literatura, as câmaras representativas, os cargos, e todas as expressões de elite, ou que eram de elite. As políticas públicas estão sendo obrigadas a trabalhar pelos desassistidos. Porque eles votam, e são maioria esmagadora. Mas, com todos os nossos problemas, de injustiças e violências, o Brasil é um país esplêndido, rico de gente, de natureza, de cultura, de diversidades, de empreendimentos, e tem a ensinar ao mundo uma espécie de permeabilidade e tolerância, fundadas no comodismo e em outros aspectos históricos de nossa formação.

O que você diria a um jovem que se interessasse em ser escritor no Brasil?

Se ele pretender trabalhar com a literatura, a alta literatura, pode ir se preparando para o mais árduo trabalho, sem escola, sem apoio, sem nenhuma garantia de resultados. Somente uma paixão verdadeira, somada a uma aptidão profunda, um trabalho dedicado, e uma entrega total, pode levar adiante um trabalho de literato. Se quiser escrever livros de entretenimento, ou de sucesso comercial, precisa ser um escritor de bom domínio técnico e muita malícia e sorte.

Você não gosta de falar de novos projetos. Mas tem alguma coisa em mente para o futuro próximo?
Se sabe que não gosto de falar, por que pergunta? Estou ficando velha, e rabugenta como o Ariano Suassuna.

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